Tuesday, February 02, 2010




O filósofo francês Gilles Deleuze abordou o drama do intelectual bem-informado, ao constatar: "Quando o escritor afronta a loucura e o silêncio, as palavras não esboçam mais nada, não se ouve nem se vê mais nada através delas, exceto uma noite que perdeu sua história, suas cores e seus cantos". Ao artista de outros tempos, de séculos passados, ficava mais fácil limitar-se a descrever a beleza. A exaltar valores como o amor, a amizade, a solidariedade etc. Havia misérias, injustiças, violência, loucura e dor tantas quantas agora (guardadas as proporções). Mas ele tomava conhecimento apenas de casos que ocorriam ao seu redor. Os meios de comunicação não lhe permitiam ir além. Pensava, por isso, que alhures houvesse um continente, ou uma região, ou um país, ou uma ilha da Utopia onde a vida transcorresse de forma ideal. Hoje, dementes trucidam 55 pessoas em Londres ou 60 na Jordânia e, quase simultaneamente tomamos conhecimento desse massacre.

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