Charles Baudelaire escreveu: "Não consigo entender como um homem de bem pode pegar um jornal sem tremer de desgosto". O poeta referia-se não à qualidade, ou à veracidade, do trabalho jornalístico, mas ao conteúdo do noticiário. Ao desfile de patifarias, delitos, corrupções e aberrações reportados. Sabia, como todo intelectual sabe, que o jornal nada mais é do que o espelho da sociedade. Sua única falha é a de refletir apenas a imagem feia do homem. Seu dente cariado, sua chaga exposta, sua ferida sangrenta, seu aspecto animal. A grandeza de alma, o desprendimento, a capacidade de amar, o altruísmo, quase nunca são enfocados. Com isso, perde-se a oportunidade de se estimular a imitação dessas virtudes, cada vez mais raras.
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