Tuesday, February 20, 2007

TOQUE DE LETRA




Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Do site oficial da A. A. Ponte Preta)

EMPATE RUIM EM CASA


Os dois principais times de Campinas, Ponte Preta e Guarani, realizam campanhas bastante parecidas nos respectivos campeonatos que disputam. Quando um perde, o outro imita e é derrotado também. O mesmo vem ocorrendo com vitórias e empates. No último fim de semana, não deu outra. Ponte Preta e Guarani empataram os seus jogos e pelo mesmíssimo placar. Foi pior para a Macaca, que não conseguiu derrotar, na sexta-feira, o tinhoso Bragantino, em pleno Moisés Lucarelli. O time jogou melhor na primeira etapa e teve a grande chance da partida, nos pés do matador Finazzi que, com problemas físicos (acometido de uma virose que obrigou o técnico Nelsinho Baptista a substituir o centroavante ainda no primeiro tempo), desperdiçou um pênalti, cometido sobre Wanderley, o segundo que ele perde neste Campeonato Paulista. No segundo tempo, a Ponte Preta, demonstrando um preparo físico ainda longe do ideal, caiu abruptamente de produção. E suou para sustentar um 0 a 0 contra o time de Bragança Paulista, que praticamente alugou o meio campo pontepretano. Foram mais dois preciosos pontos perdidos nos próprios domínios. O que fazer? Poderia ter sido pior...

PARTIDA RIDÍCULA DO GUARANI

O Guarani jogou, no sábado, em Taubaté, diante de um dos times mais fracos da Série A-2, a sua pior partida na presente temporada. E só não saiu derrotado do Vale do Paraíba graças à magnífica atuação do goleiro Gisiel, que substituiu o titular da posição, Buzzetto (que se contundiu) ainda no primeiro tempo. A equipe teve um rendimento sofrível, ao ponto do técnico Waguinho Dias fazer um irritado desabafo, no final do jogo, afirmando que iria pedir a dispensa de vários dos jogadores que atuaram, por “não terem condições de vestir a camisa do clube”. O Taubaté, além de ocupar as últimas posições na tabela, atravessa uma grande crise, com a briga sem fim entre a sua diretoria e o seu patrocinador. Estreou técnico novo, desconhecido nos meios futebolísticos, e atuou com meio time reserva. Os salários estão atrasados e parece que, por ali, ninguém entende ninguém. Ainda assim, sem jogar um futebol brilhante, só não venceu a partida, reitero, graças à inspirada atuação do goleiro Gisiel (que, aliás, enfrentou, pela primeira vez, o seu ex-clube). Para as circunstâncias, o 0 a 0 até que caiu do céu.

ALGUMAS BOAS ATUAÇÕES

Apesar da má apresentação da Ponte Preta, na sexta-feira, no empate de 0 a 0 com o Bragantino, no Majestoso, notadamente na segunda etapa, gostei da atuação de alguns jogadores, que entraram no time e não comprometeram. Entre estes, destaco o zagueiro Alexandre Black, garoto de muito futuro, que teve a difícil missão de substituir o experiente Emerson e o fez muito bem. Seguro na marcação, eficiente no desarme e muito bom em bolas pelo alto, o atleta ganhou a confiança da torcida e foi um dos principais responsáveis pela meta pontepretana não haver sido vazada. Outro que me agradou foi o estreante Fernando. É verdade que errou alguns passes e bateu mal uma falta, pelo que foi muito criticado pelos comentaristas das emissoras de rádio presentes ao Moisés Lucarelli e por parte da torcida. É preciso ressaltar, porém, que o jogador chegou ao clube apenas no início da semana, fez só dois coletivos com o grupo e já foi para o jogo. Teve a incumbência de barrar as descidas do bom lateral Marco Aurélio, do Bragantino, o que fez com muita eficiência. Mostrou, portanto, grande potencial e, certamente, vai evoluir bastante. Outros que me agradaram, além do goleiro Aranha, que vem se firmando a cada jogo que passa, foram o volante Thiago Carpini, o meia Ezequiel e o garoto Wanderley. Este, aliás, propiciou a maior oportunidade da partida à Ponte, ao sofrer, após brilhante jogada individual, a penalidade máxima, que Finazzi desperdiçou. Sinto que este time, apesar das críticas e cobranças gerais, tem tudo para evoluir. É preciso, porém, paciência e apoio, quer por parte da crônica, quer da torcida.

OUTRO QUE DIZ NÃO AO BUGRE

O maior problema para o Guarani trazer os reforços que o clube tanto precisa é a recusa de vários dos jogadores pretendidos de virem atuar no clube. Há duas semanas, a diretoria bugrina entrou em contato com o São Paulo, para trazer ao Brinco três jovens promessas são-paulinas: Hernanes, Marco Antonio e Paulo Matos. O tricolor concordou em liberar os atletas, mas estes se recusaram a sequer iniciar negociações com o Bugre, argumentando que pretendiam disputar a série A-1 do Campeonato Paulista e a Série A do Brasileiro. Ontem, foi a vez do veterano Sérgio Manoel dizer “não” ao Guarani. Optou por atuar no inexpressivo Ceilândia, que disputa o apagado Campeonato Brasiliense. A que ponto chegou um clube de tanta tradição, que tem em seu currículo um título nacional! Quando um clube adquire a fama de mau-pagador, como é o caso do Guarani, é muito difícil de recuperar o prestígio. Enquanto isso, tanto o técnico, quanto a torcida, exigem reforços, face à nítida e gritante fragilidade do atual plantel. Durma-se com um barulho desses!

CAMPANHA DISCRETA, COMO O ESPERADO

É verdade que a Ponte Preta não faz nenhuma campanha brilhante, neste início de Campeonato Paulista. Mas não teve nenhum resultado que pudesse ser classificado de “aberrante” e que justificasse tantas e tão contundentes críticas da crônica esportiva. Na décima rodada da competição, o time ainda não perdeu em seus domínios, o que não deixa de ser uma evolução em relação a 2006. Quando empatou com o São Bento, por 2 a 2, parecia que o mundo iria cair. Todavia, os comandados de Fred Rincón derrotaram, no sábado, o líder do campeonato, o até então invicto Santos, por 2 a 0, em plena Vila Belmiro e ninguém disse a mesma coisa dos comandados de Wanderley Luxemburgo. O Bragantino, que sustentou um 0 a 0 no Majestoso, na sexta-feira, disputa um bom campeonato e empatou com o Palmeiras, no Pacaembu, jogando a maior parte da partida com um jogador a menos. Quando a Ponte perdeu para o São Caetano, no ABC, por 2 a 1, todos disseram que se tratou de um vexame. No entanto, o Azulão faz uma excelente campanha e pode, até, arrancar vaga para as finais. E as derrotas contra o Corinthians, o Juventus e o Guaratinguetá foram normalíssimas, pois ocorreram fora de casa. Não vejo motivos, pois, para tantas críticas e tanto pessimismo. Encaro esse comportamento como um desserviço ao clube, pois só consegue tumultuar o ambiente, e nada mais. Criticar, tudo bem. Mas as críticas têm que ser equilibradas, ponderadas e, sobretudo, construtivas. E as que vêm sendo feitas, no meu entender, não têm essa característica. Longe disso!

SÃO PAULO ESTRÉIA DE FORMA DISCRETA

A estréia do São Paulo, na Copa Libertadores da América, frente ao fraco e desconhecido Audax Italiano, do Chile, nos domínios do adversário, não foi a que seus torcedores esperavam. O time praticou um futebol burocrático, sem inspiração e sem criatividade e teve que se contentar com um razoável 0 a 0. Se for levado em conta o fato do jogo ter sido disputado fora de casa, não há o que lamentar. Mas se o tricolor quiser reeditar as performances dos dois últimos anos na competição, terá que jogar mais, muito mais do que jogou no Chile. E tem futebol para isso. Dos brasileiros que já estrearam, o melhor resultado foi o obtido pelo Grêmio. Jogando em Assunção, em partida que teve inúmeros incidentes fora de campo, com briga entre as duas torcidas, o tricolor gaúcho voltou para Porto Alegre com excelente e importante vitória, por 1 a 0. Por se tratar de time “copeiro”, a expectativa é que vá bastante longe na competição. Não se descarta, inclusive, a possibilidade de um Grenal na decisão do título. Seria um jogão, de arrebentar o coração dos gaúchos!

RESPINGOS...

· Os chamados pequenos estão aprontando não somente em São Paulo, mas também no Rio. No sábado, o modesto Madureira aplicou um categórico 4 a 1 sobre o todo-poderoso Flamengo.
· No duelo entre os dois melhores pequenos do Paulistão, ou seja, Noroeste e São Caetano, deu o time de Bauru. A equipe bauruense nem tomou conhecimento do Azulão e aplicou uma histórica goleada, por 5 a 2.
· O São Bento, de Fred Rincón, conseguiu a façanha de derrotar o Santos, em plena Vila Belmiro, onde o atual campeão paulista é quase imbatível, por 2 a 0.
· A imprensa campineira (infelizmente) já dá como favas contadas a vitória do Vila Nova, de Minas, sobre a Ponte Preta, pela Copa do Brasil. Ocorre que ninguém é vencedor de véspera. Espero que o time queime a língua dessas cassandras de mau agouro.
· Ronaldinho é mesmo um Fenômeno, a despeito de tudo o que dizem dele. Sábado, fez dois gols pelo Milan, um deles de cabeça, o que é uma raridade em sua carreira. Quem conhece, conhece.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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