Saturday, February 03, 2007
Piedade, Senhor!
Pedro J. Bondaczuk
Piedade, Senhor,
por invadir os limites
do infinito,
vislumbrar, face a face,
a Beleza Absoluta,
revestida de luz!
Saulo na estrada de Damasco,
Prometeu atado aos penedos.
Ahsverus e a eterna procura,
busca obsessiva do amor.
Abelardo separado de Heloísa,
Adão se perdendo por Eva,
Dante obcecado por Beatriz.
Trevas... Pedras e abismos no caminho...
Odor de enxofre...Ruído surdo dos trovões.
Ao redor, caos e o vazio.
Aterradora solidão.
Lembranças opressivas, indeléveis,
vivas, profundas chagas na alma,
choros, lamentos e ais.
Incauto, imprudente menino
que resolveu crescer.
Cego, busca intuir a meta,
contrariando as leis da natureza.
Piedade, Senhor,
pelo roubo da chama de Göethe,
pela arrogância possessa
de Michelângelo,
pela apropriação do
mapa de Keats,
pela arte indiscreta
de Beethoven,
por sonhar os
sonhos de Hugo!
Piedade, Senhor,
pela irreverência
do atrevido poeta!
(Poema composto em Campinas, em 25 de novembro de 1995).
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