TOQUE DE LETRA

Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Do site oficial da A. A. Ponte Preta e Wander Roberto - VIPCOMM)

DERROTA INJUSTA EM GUARATINGUETÁ

A derrota da Ponte Preta, ontem, em Guaratinguetá, para um dos caçulas da Série A-1, foi injusta, mesmo o time não tendo jogado bem. Mais uma vez, saltou aos olhos a ausência de um meia armador para municiar o ataque pontepretano. Creio que, se Nelsinho Baptista, em vez de colocar Jailton em campo, no segundo tempo, houvesse dado mais uma chance ao garoto Ezequiel, o resultado poderia ter sido melhor. Paciência! Apesar do aparente domínio do Guaratinguetá, as melhores chances para abrir o marcador foram da Macaca. Todavia, o goleiro Edson Bastos (que sempre que atua contra a Ponte joga bem) mostrou-se uma barreira quase intransponível, neste domingo, fazendo defesas impossíveis. E quando o ataque pontepretano conseguiu burlar sua eficiência, um erro de arbitragem pôs tudo a perder. O árbitro, o desconhecido Milton Etsuo Ballerini, anulou um gol legítimo de Anderson Luiz, atendendo aceno do bandeira, e ninguém sabe o que ele marcou. Impedimento é que não foi. Há quem diga que assinalou falta de Finazzi no lance. Mas as imagens da TV mostraram que o matador da Ponte não cometeu nenhuma irregularidade. Conseqüência? Derrota, por 1 a 0, num jogo em que a Macaca tinha tudo, mas tudo mesmo, para ganhar e (repito) mesmo jogando mal.

GUARANI NÃO ACERTA O GOL

O Guarani sofreu, no sábado, em Santos, sua terceira derrota no Campeonato Paulista da Série A-2, ao perder para a Portuguesa Santista por 1 a 0. O que ficou, mais uma vez, evidente, foi a imensa fragilidade do ataque bugrino, que desperdiçou, sem nenhum exagero, pelo menos seis oportunidades claras de gol. E assim não dá, não é mesmo? Quem não faz... toma. E foi o que aconteceu. É verdade que o placar poderia ter sido mais elástico, em favor dos donos da casa, não fosse, mais uma vez, a magnífica performance do goleiro Buzzetto, que até pênalti defendeu. Fica a dúvida se as duas vitórias anteriores do Bugre se deveram à enorme fragilidade dos adversários, no caso o Palmeiras B e o Nacional, ou foram conseqüência da sua evolução técnica. O gol que o centroavante Anderson perdeu é desses que qualquer caneleiro de várzea faria com a maior tranqüilidade. O atacante recebeu uma bola limpinha, no bico da pequena área, com o goleiro da Lusinha batido, mas deu um chutão para o alto. O lance em questão requeria jeito, e não força. Bastava Anderson tocar de leve na bola, para que ela entrasse, inapelavelmente, nas redes. São três pontos perdidos que vão, certamente, fazer muita falta ao Guarani na seqüência da competição.

GAROTOS NÃO DECEPCIONAM

Depois da revelação, ainda no ano passado, de Nei (hoje no Atlético Paranaense), Pará, Wellington e Jailton, e dos lançamentos, já nesta temporada, de Dic e Ezequiel, ontem, o técnico Nelsinho Baptista lançou mais dois meninos no time de cima: o lateral esquerdo Clayton e o zagueiro Alexandre Black. Apesar das restrições feitas pela crônica esportiva da cidade, e das exigências da torcida, convenhamos, nenhum deles decepcionou. Isto sem falar de Wanderley, que ainda vai dar muitas alegrias à coletividade pontepretana. Mais uma vez o jovem atacante, cumpriu, ontem, muito bem as funções que lhe foram determinadas pelo treinador, a exemplo do que já havia feito no meio da semana, contra o Rio Branco, e está em franca evolução. Foi dele o lance mais perigoso da Ponte Preta, durante o jogo, proporcionando ao goleiro do Guaratinguetá, Edson Bastos, a melhor defesa da partida. Acredito muito na evolução dos garotos e, se continuarem recebendo chances, e correspondendo às expectativas, têm tudo para assumir a titularidade, já no Campeonato Brasileiro da Série B. Os melhores times que a Ponte Preta já teve ao longo da sua gloriosa história foram formados assim. Ou seja, com maioria de pratas da casa e uma ou outra contratação de fora para suprir algumas deficiências. Daí a grande característica das melhores formações da Macaca: a raça, a determinação e o amor à camisa, que só quem nasce para o futebol dentro de determinado clube costuma ter.

GUARANI VIVE UM GRANDE DILEMA

O Guarani vive um grande dilema, nesta sua fase sumamente complicada em que, até para honrar a folha de pagamentos, depende de alguns abnegados do clube: contratar ou não jogadores de melhores qualidades técnicas, que lhe possibilitem aspirar o acesso para a Série A-1 do Campeonato Paulista do ano que vem. Para fazer contratações, teria que se endividar ainda mais do que já está. Ainda se houvesse a garantia de que, com a vinda de reforços, o Bugre alcançaria seu maior objetivo, ainda valeria a pena arriscar. Contudo, as coisas não são tão simples como parecem. Não raro, jogadores são trazidos para o clube a peso de ouro, com currículos invejáveis, e acabam decepcionando. Após o empate com o Bandeirantes de Birigui, no Brinco de Ouro, a diretoria chegou a aventar a possibilidade de contratar pelo menos mais quatro atletas, de bons predicados técnicos. Todavia, depois das duas vitórias consecutivas, sobre o Palmeiras B e o Nacional, voltou atrás e deu a entender que o ciclo de contratações estava encerrado. E o dilema persiste. Onde encontrar recursos para reforçar o atual grupo? Se endividar ainda mais, ou arriscar a continuidade do campeonato com esse time que aí está? E você, leitor, o que faria, caso a decisão estivesse em suas mãos?

BETO SERIA UMA BOA OPÇÃO?

A imprensa vem propalando, há já alguns dias, o suposto interesse da Ponte Preta na contratação do meia Beto, que teve a melhor fase da carreira no time do São Paulo e que ultimamente vinha jogando no Japão. A possibilidade da vinda do atleta para o Majestoso divide as opiniões, tanto da cônica esportiva, quanto da torcida. Uns ressaltam as inegáveis qualidades técnicas do jogador, que já chegou a vestir a camisa da Seleção Brasileira, onde não decepcionou. Outros lembram as recentes e malogradas experiências com medalhões, tipo Luiz Mário e Fábio Baiano (entre outros) que foram contratados em clima de indisfarçável euforia, mas que não renderam absolutamente nada para o clube. Uma terceira ala se opõe à possível vinda de Beto para a Ponte por causa do seu propalado comportamento extracampo, ou seja, sua propensão para as baladas e a boêmia. No aspecto técnico, não há como negar as qualidades do atleta. Sabe jogar, põe a bola onde quer, faz gols e é um líder dentro das quatro linhas. O que se questiona é se o jogador quer, de fato, vestir com honra e com garra a camisa pontepretana, ou se pretende, apenas, fazer do clube mero trampolim para a sua volta ao exterior. Eu, se tivesse o poder de decisão, não contrataria Beto. Apostaria, como tenho afirmado inúmeras vezes e reiterado cansativamente, todas as minhas fichas na evolução técnica do garoto Ezequiel. Enfim...cada cabeça uma sentença...

SÃO PAULO SOBRA EM CAMPO NO CLÁSSICO

Embora sem reeditar as suas melhores atuações do Campeonato Brasileiro do ano passado, o São Paulo venceu, com amplos méritos, o Corinthians, ontem, no Morumbi, por 3 a 1, com direito, inclusive, a olé. A verdade é que o técnico Muricy Ramalho deu um nó tático no falastrão Emerson Leão e o resultado até que ficou barato para o time do Parque São Jorge, que demonstrou muito nervosismo o jogo todo e foi totalmente dominado pelo adversário. Destaquem-se as atuações de Reasco, Alex Silva, Miranda, Jadilson, Leandro e Aloísio. Notadamente no segundo tempo do jogo, os jogadores do Corinthians preocuparam-se mais em dar pontapés nos atletas sampaulinos do que em jogar bola. De uns tempos para cá, alguns idiotas passaram a considerar jogadas de efeito, como chapéus e toques de letra, como atitudes para “humilhar” os adversários. Bobagem! Isso chama-se “técnica”. É por essa razão que esses brucutus pernas de pau, volantões que só sabem destruir jogadas na base da porrada, são tão valorizados. A culpa é de treinadores medíocres, que querem, a todo o custo, garantir seus empregos, não se importando com os meios utilizados. A cada dia que passa, o futebol fica mais feio, pois o espaço para os craques está mais e mais restrito, tornando as partidas tão chatas e sonolentas. E ainda têm a cara de pau de reclamar do afastamento das torcidas dos estádios! Ora, ora, ora!

RESPINGOS...

· E os pequenos continuam aprontando. O São Caetano disputa, palmo-a-palmo, a liderança do Campeonato com o Santos. Olho nele!
· E não é que o Baixinho voltou com a corda toda! Ontem, em sua enésima reestréia no Vasco, fez três gols contra o Volta Redonda, na goleada vascaína, por 6 a 1. Agora faltam só dez para o milésimo!
· Foi sensacional o clássico de ontem entre Flamengo e Botafogo, no Maracanã, pelo Campeonato Carioca. E o resultado não me deixa mentir. Diz tudo: 3 a 3.
· O Palmeiras tropeçou novamente, desta vez diante do Bragantino. Não saiu de um empate, por 1 a 1, em jogo disputado no Pacaembu.
· O Atlético Mineiro recuperou-se no Campeonato Estadual de Minas em alto estilo. Derrotou o seu maior rival, o Cruzeiro, por 3 a 1. E de virada, que é muito mais gostoso.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


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