Monday, April 17, 2006

Prevenção e informação


A humanidade convive e sempre conviveu com ameaças de toda a sorte, neste pequeno planeta do Sistema Solar. Alguns desses perigos são inevitáveis e o homem pode apenas torcer para que não se transformem em tragédias, como o choque de algum asteróide, cometa ou meteorito com a Terra ou desastres naturais como terremotos, tufões, maremotos e furacões. Outros, como epidemias e pandemias, hoje já são controláveis, embora exijam a colaboração geral. É o caso da insidiosa e terrível Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, a popularmente conhecida Aids.
A doença foi detectada e identificada em 1984 e, desde então, espalhou-se com uma rapidez espantosa por todas as partes do mundo, mobilizando governos e instituições de pesquisa num esforço concentrado para, se não encontrar uma cura, pelo menos desenvolver alguma vacina que imunize as pessoas contra o vírus HIV. A ciência progrediu muito nesse sentido, mas a doença também. Por enquanto, o caminho melhor indicado para escapar dessa ameaça é o da prevenção. A própria forma de contágio, através do sangue, permite que se use desse recurso.
Felizmente, trata-se de uma moléstia em que as pessoas não se contaminam pelo ar, ou pela ingestão de alimentos, ou pela água, ou por uma picada de insetos, ou então pelo simples contato da pele. Tais circunstâncias permitem que qualquer um, seja qual for sua condição econômica, social ou de saúde, previna-se contra a Aids. Mas para que isso seja possível, é preciso inserir no elenco das medidas preventivas uma palavrinha-chave: informação. Quanto mais coisas se souber sobre a doença e formas de contágio, melhores chances de prevenir a contaminação vão existir. Daí a relevância de campanhas preventivas, como a da Organização Mundial de Saúde, instituindo, em 1º de dezembro de cada ano, o Dia Internacional de Luta contra a Aids.
Embora não seja caso para pânico, a evolução da pandemia é muito séria. O vírus não admite descuidos, tanto na prática de relações sexuais sem a devida proteção de camisinhas, quanto no uso de sangue em transfusões sem que se saiba, com absoluta certeza, o grau de pureza desse importante elemento orgânico, além de exigir que as seringas utilizadas para qualquer finalidade que seja (para introduzir ou retirar substâncias do organismo) sejam descartáveis e totalmente esterilizadas. A adoção de tais cuidados é certeza de que não haverá contágio.
Quanto aos doentes, ou aos portadores do vírus sem que a moléstia haja ainda se manifestado, convém que se aja, sobretudo, com humanidade. Que se faça tudo o que esteja ao alcance para tentar sua cura ou para amenizar o seu sofrimento – em especial o psicológico – estendendo ao máximo seu tempo de vida produtivo. Atualmente, já há todo um arsenal de medicamentos que possibilitam um alívio para as pessoas que vivem esse drama e mantêm suas esperanças de sobrevivência.
O que é preciso erradicar, ainda, é o terrível vírus do preconceito, tão pernicioso e daninho quanto o HIV. Como todo doente, o aidético tem o direito de receber conforto e proteção dos parentes, dos amigos e da sociedade. Caso não se mantenha relações sexuais com ele e nem se entre em contato com seu sangue, não há o mínimo risco de contágio. Ninguém se contamina mediante beijos, abraços, apertos de mão, uso de pratos e talheres ou sentando no mesmo vaso sanitário utilizado pelo enfermo. Há que prevalecer sempre, e acima de tudo, o nosso senso de humanidade. Até os animais irracionais tendem a proteger um membro da espécie que esteja ferido ou doente. Por que o homem, único a gozar de racionalidade, não pode agir assim também?

(Capítulo do livro “Por uma nova utopia”, Pedro J. Bondaczuk, páginas 79 a 81, 1ª edição – 5 mil exemplares – fevereiro de 1998 – Editora M – São Paulo).

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