Garrincha, pequeno pássaro encantado,
alado guerreiro, ingênuo e inocente,
que faz desfilar, no presente, galhardia,
e humor e graça, as sementes do amanhã,
e que alimenta nossa fragílima fantasia
no palco grandioso do Maracanã.
Mameluco cavaleiro do sonho,
de auriverde manto sagrado,
corcel veloz, galopa e voa
a felicidade perfeita dos simples
nos gramados da América e Europa.
Pés alados. Pés de anjo. Pés calçados
de couro e poesia, de poder e magia,
na luta heróica, com espírito lúdico,
faz acenos familiares à glória
e, em danças, coreografias, corrupios,
bêbedo de luz, sorve o vinho da vitória.
Líder nato, sem bazófia ou arrogância,
dançando, com dez exímios bailarinos,
tece, com os pés, o painel encantado da vida
no teatro, dramática arena dos bravos,
do Estádio Nacional de Santiago.
A fama é tênue e pesa toneladas.
Heróis despencam no esquecimento
vítimas da ingratidão covarde e infeliz.
Mas Garrincha voa, flutua, ganha alento
e, com arte, com magia e encantamento
desperta, orgulha e enaltece um país.
NOTA: Poema em homenagem a Garricha, que liderou a seleção brasileira de futebol na conquista do bicampeonato mundial, disputado no Chile, em 1962.
(Poema composto em São Caetano do Sul, em 22 de abril de 1963).
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