Um dia por vez
O conceito de sucesso é bastante subjetivo e pode ter uma conotação específica para cada um de nós, dependendo da nossa personalidade, visão de vida e expectativas. O dinheiro, por exemplo, é um parâmetro para a maioria. A pessoa simples, que passa por privações e que sequer é levada em conta, como se fosse mera sombra ou até menos, por não possuir bens, tem como meta, evidentemente, o ter, não o ser. Não se entra aqui no mérito se essa ambição é válida ou não. Se traz ou não felicidade. Todavia é compreensível. Mas, para um monge tibetano, por exemplo, ou para um ermitão do Oriente Médio, ou para qualquer outro indivíduo que se despoje de aspirações materiais, a acumulação de objetos, seja qual for o seu valor intrínseco, ou sua natureza, ou sua escassez, pouco ou nada significa. Para tais pessoas, juntar coisas não representa ser bem-sucedido. Provavelmente, significa o contrário. Para elas, o que conta é o auto-conhecimento, a iluminação espiritual, a contemplação da natureza etc.
Não há, portanto, qualquer regra fixa que garanta o êxito pessoal de quem quer que seja. O fator primordial para que qualquer empreendimento chegue a bom termo é o reconhecimento alheio. E esse é muito complicado para ser obtido. Aos nossos próprios olhos podemos ser sábios, valentes, nobres ou virtuosos. Mas isto apenas será verdadeiro, será consensual, será aceito se for reconhecido pelos que nos rodeiam. Há algumas coisas bastante simples e óbvias que poderemos fazer para tornar nossa vida menos tensa, menos áspera ou menos maçante e, portanto, mais agradável e produtiva. Talvez, bem-sucedida.
Uma delas é viver um momento por vez. O norte-americano Dale Carnegie dá este conselho a propósito: “Do mesmo modo que nos grandes transatlânticos os compartimentos são construídos separadamente e à prova de água, nós também devemos fechar portas de ferro sobre o passado – os amanhãs nascituros. Se formos juntar o peso do amanhã ao do ontem e tentar carregar tudo hoje, ele será demasiado e nos fará tropeçar. A única maneira de prepararmo-nos para o futuro é concentrar toda a nossa inteligência e entusiasmo na execução perfeita do trabalho de hoje”.
O escritor inglês, Robert Louis Stevenson, vai mais longe e explica a razão porque esse procedimento é a maneira mais sensata de viver. Observa: “Todos podem executar seu trabalho, por difícil que seja, por um dia. Todos podem viver com doçura, paciência, ternura e pureza até que o sol se ponha. E isso é tudo o que a vida realmente significa”. Dando um passo de cada vez, buscando executar as pequenas coisas com o máximo de empenho para atingir a perfeição em tarefas aparentemente inexpressivas e corriqueiras, tornaremos nossos dias, cada um deles, todos eles, agradáveis. Não precisaremos ficar recordando o passado. O presente nos bastará. Não teremos tempo para projetar um futuro que sequer sabemos se vamos ter. O aqui e agora serão suficientes. E da soma de todos esses dias calmos, aparentemente sem brilho, sem dramatismos, sem euforias e sem heroísmos, construiremos nossa biografia. Fabricaremos o sucesso ou, quiçá, a felicidade. Simples, não é verdade?
(Capítulo do livro “Por uma nova utopia”, Pedro J. Bondaczuk, páginas 43 a 45, 1ª edição – 5 mil exemplares – fevereiro de 1998 – Editora M – São Paulo).
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