Pedro J. Bondaczuk
O tipo de vida que levamos, em especial nas grandes cidades, é uma fonte quase que inesgotável de preocupações, de angústias e de tensões, que não raro nos conduzem a neuroses e a outros males ainda maiores (físicos e sobretudo psicológicos), em geral irreversíveis, quando não letais.Desde quando nos levantamos, pela manhã, para nos dirigirmos ao trabalho, até a hora de nos recolhermos, depois de concluído nosso dia, somos confrontados com pequenas ou grandes dificuldades que, dada a repetição, nos produzem, pouco a pouco, um desgaste profundo, que nos impede de vermos, e por isso de valorizarmos, as coisas boas que nos acontecem e que não são poucas.
Já começamos o dia, logo de cara, a nos irritar: com o trânsito, com o excesso de burocracia no trabalho, com as contas a pagar, com o barulho característico destas arapucas que são as grandes cidades, e vai por aí afora. O lar, não raro, é outra grande fonte de angústias (há exceções, é claro, como em toda a regra). Há, por exemplo, o desgaste no relacionamento com a (ou com o) cônjuge, com os filhos (permanente fonte de preocupações, dado os riscos a que estão expostos), com o cachorro, com os vizinhos etc. etc. etc.
Ademais, os meios de comunicação não nos ajudam a cultivar um sadio otimismo. Pelo contrário, nos bombardeiam, da manhã até a noite, com uma enxurrada de notícias ruins: a violência urbana, a corrupção dos políticos, os desastres naturais ou provocados pelo homem, a inflação, a selvajaria do sistema financeiro e outras tantas, e tantas e tantas desgraças, patifarias e tragédias. Esse conjunto de eventos negativos levou o escritor Aldous Huxley a essa instigante pergunta: “E se este mundo for o inferno de outro planeta?”. Claro que não é. Pelo menos, não o é de outro planeta. É nosso, humano. Nós é que o criamos, com nossa insensatez e fragilidade.
Todavia, "a vida que você leva foi criada por você e não pelas circunstâncias". Certo? Para Lair Ribeiro, um dos maiores especialistas em neurolingüística do País, sim. De acordo com este médico, que está fazendo enorme sucesso em um novo campo de atividades, objeto de muita discussão entre os que acreditam em suas propostas e os que acham que se trata de outro modismo (como o famoso "como fazer amigos e influenciar pessoas", de Dale Carneggie, dos anos 50), para obtermos êxito em nossa vida – tanto profissional, quanto social ou afetiva – precisamos "acreditar".
Ou seja, temos que nos predispor para o sucesso. Devemos "reprogramar" nossos cérebros, para extrair deles o pessimismo, o medo do fracasso e o ressentimento contra terceiros e colocar no lugar otimismo, confiança e simpatia. Difícil? Sem dúvida! Impossível? Jamais! A felicidade (não importa como a entendemos), o sucesso em nossas atividades e o progresso, espiritual e/ou material, não nos são oferecidos de bandeja. Temos que conquistá-los! As estratégias para isso são inúmeras, mas nenhuma delas implica em pessimismo quanto às nossas possibilidades, em medo de nos expormos ou em ressentimentos contra fulano, sicrano, beltrano e, por extensão, contra o mundo.
Lair Ribeiro condena, especificamente, o uso de três palavras-chaves que, conforme ele, são altamente negativas e nos inibem na busca da felicidade e, portanto, precisam ser banidas do nosso vocabulário: "não", "nunca" e "tentar". A primeira, aliás, mereceu memorável e antológico sermão do Padre Antônio Vieira, no século XVII, constante em todas as boas antologias da língua portuguesa. Em contrapartida, o neurolingüísta recomenda que coloquemos como lemas, como metas, até como uma espécie de mantras em nosso subconsciente, estas expressões afirmativas: "eu quero!", "eu posso!" e "eu vou!".
Pode ser que a sua técnica não se constitua em panacéia para todos os males (não há uma fórmula mágica, que funcione em toda e qualquer situação e seja válida para todos. Antes houvesse! A vida não é tão simples.). Contudo, que uma postura otimista, positiva e autoconfiante nos leva a encarar os problemas com maior objetividade, disso não há dúvida. E a "reprogramação" do nosso cérebro é uma fascinante experiência.
Lair acentua que "a vida é um eco. Se você não está gostando do que está recebendo, observe o que você está emitindo". E conclui: "Todo ato humano é motivado pelas seguintes razões: evitar sofrimento ou procurar prazer. Tudo o que você faz é baseado num equilíbrio entre esses dois motivos. Vivemos, então, numa escala analógica entre sofrimento e prazer". Faz sentido. Afinal, a principal obrigação do ser humano é consigo próprio: a de ser feliz. O que temos é que achar o caminho da felicidade e o trilharmos com otimismo, com determinação e, sobretudo, com persistência. E esta trilha, convenhamos, não é (e nem pode ser) a do pessimismo, a do medo ou a do ressentimento.
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