O líder pacifista indiano, Mohandas Karamanchand Gandhi, ensinou que “a Terra é suficiente para as necessidades básicas de todos, mas não para a voracidade dos consumistas”. Todavia, nos dias atuais, são estes os que prevalecem, causando uma catastrófica depredação planetária, nem sempre delatada, ou pelo menos não em sua verdadeira dimensão. Indiferentes ao fato de que estão neste mundo apenas de passagem e que seu papel, a sua razão de viver, é a de preparar condições propícias para que futuras gerações vivam melhor, certas pessoas, ou grupos, ou governos, ou corporações, usam e abusam dos recursos de que a natureza nos dotou.
O desarranjo climático, que vem se verificando em várias partes do Planeta, tem sido freqüente demais para poder ser caracterizado como episódico, eventual ou passageiro. No fim de 1993, o noticiário registrou os incêndios em Los Angeles. Posteriormente, o frio castigou o Hemisfério Norte com dureza. Em janeiro de 1994, o fogo destruiu milhares de hectares na região da cidade australiana de Sydney. Secas catastróficas, invernos extremamente rigorosos, verões inusitadamente quentes e inundações desastrosas repetem-se, aqui e ali, ano-após-ano, sem que se faça algo de efetivo em favor do equilíbrio do meio-ambiente.
Em 1994, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País enfrentaram uma estiagem inusitada. O Brasil, inicialmente, “esteve em chamas”. Incêndios e mais incêndios destruíram, em questão de horas, o que a natureza levou séculos, quando não milênios, para construir. Os compromissos assumidos na ECO-92, a conferência mundial sobre ecologia, realizada no Rio de Janeiro em 1992, ficaram apenas no papel. Pouca coisa, senão nenhuma, se fez para evitar o aumento do rombo na camada de ozônio.
Os produtos responsáveis pela destruição dessa capa protetora continuam sendo utilizados, embora esteja mais do que comprovada sua ação nociva sobre a atmosfera terrestre. A poluição do ar, da águia e da terra (mediante o uso de agrotóxicos), tem aumentado, ao invés de diminuir, embora todos admitam que o perigo do temido “efeito estufa” existe e não é pura fantasia dos catastrofistas.
A ecologia tornou-se apenas um modismo, dos que procuram notoriedade, através de espaços na imprensa. Alguns, fazem dela um cabo eleitoral, um slogan político, uma bandeira utópica e nada mais. Ocorre que o Planeta não pertence a ninguém. É uma espécie de nave natural, que viaja no espaço vazio, com destino ignorado. Seu interior é limitado e tem que ser compartilhado por esta e futuras gerações. Os recursos são finitos e alguns não são renováveis. Caso a Terra seja destruída – e está sendo – não teremos onde ficar. O homem desaparecerá também.
Trata-se de uma realidade tão óbvia, que seria desnecessário mencionar o assunto. Ocorre que a maioria não se dá conta disso e trata a natureza como se fosse algo descartável, “prêt-à-porter”, que se possa “usar e jogar fora”. Enquanto o homem não fizer do preservacionismo mais do que mero assunto da moda e não o transformar em consciência, estaremos todos, da presente e das vindouras gerações, em sérios, seriíssimos apuros.
(Capítulo do livro “Por uma nova utopia”, Pedro J. Bondaczuk, páginas 31 a 33, 1ª edição – 5 mil exemplares – fevereiro de 1998 – Editora M – São Paulo).
2 comments:
CONCERTEZA DACZUK. MAS VOCÊ FALOU QUE O PLANETA TERRA NÃO É DE NINGUÉM,MAS ALGUNS PRESUNÇOSOS, SE ACHAM DONOS DE ALGUNS PEDAÇOS DESTA "NAVE" CHAMADA TERRA.
A MEMÓRIA, A NOSSA MENTE, É SUPER IMPORTANTE E DEVE SER MUITO BEM TRABALHADA.
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