Tuesday, October 02, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - De volta à escola pública


De volta à escola pública


Pedro J. Bondaczuk


A escola pública no Brasil foi, há quinze ou vinte anos, referência de qualidade no ensino de primeiro e segundo graus. Havia até certa distorção em seu acesso. Destinada às pessoas que não podiam pagar, era frequentada, em sua maioria, por alunos de famílias da classe média.

Com o tempo, em decorrência do desestímulo ao magistério, por causa dos salários irrisórios, sofreu rápida e severa deterioração. A qualidade de ensino decaiu e o perfil de seus alunos mudou.

As famílias de classe média passaram a matricular os filhos em escolas particulares, apesar do sacrifício que a despesa implicava. A julgar, porém, pelo que vem ocorrendo, do fim do ano passado para cá, há uma dramática volta ao passado nesse aspecto.

Dezenas de pais passaram o Réveillon em filas, à porta de duas escolas municipais de Campinas (Professor Vicente Rao, no Parque Industrial, e Castelo Branco, no Jardim Nova Europa), para conseguir vaga. Eram famílias de classe média. É certo que os dois estabelecimentos têm prestígio por oferecerem ensino de boa qualidade.

Mas não se pode negar que a classe média empobreceu. Isto fica comprovado com o aumento da procura a outros colégios do Estado ou do município em outras cidades. Espera-se, porém, que não se repita a distorção do passado, quando os que não podiam pagar tinham que arranjar algum meio de poder, para que os filhos tivessem escola. Que o acesso ao ensino público e de boa qualidade seja garantido a todos, indistintamente, como prevê a Constituição.

(Editorial número dois, publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 6 de janeiro de 1997).



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