Saturday, October 06, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - É preciso prevenir


É preciso prevenir


Pedro J. Bondaczuk


O racionamento de energia elétrica, nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro Oeste do País, determinado pelo apelidado "Ministério do Apagão", entrou em vigor, no dia 1º deste mês, num clima de indisfarçável descontentamento popular. Ninguém gosta que lhe digam o que, como e quando consumir. E, principalmente, as pessoas de brio não admitem que essa indicação venha (como agora) acompanhada de absurda coação, feita antes mesmo do apelo haver sido atendido ou recusado.

Mesmo assim, as medidas de economia de energia elétrica, determinadas pelo governo, vêm contando com amplo respaldo da população, consciente da necessidade de poupar para não faltar. Estão aí os números, divulgados pelas concessionárias, dando conta da majoritária adesão dos brasileiros (até das regiões não submetidas a racionamento), ao programa de racionalização do consumo, inclusive antes mesmo que ele fosse efetivamente implantado.

Alguns ítens, aliás, eminentemente antipáticos (senão ilegais), foram alterados na última hora, alterações estas anunciadas, em cadeia nacional de rádio e televisão, na última segunda-feira, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, numa tentativa do governo de evitar uma enxurrada de ações na Justiça. É possível que tenha logrado êxito. Afinal, ninguém quer briga pela simples briga. Todos desejamos, isto sim, salvaguardar legítimos e sagrados direitos, assegurados pela lei máxima do País: a Constituição.

Agora que a coisa está feita, que os efeitos da omissão das autoridades (e não importa se do atual governo ou se dos anteriores) no que diz respeito aos investimentos nessa área tão estratégica estão se fazendo sentir, não compete discutir (não pelo menos neste momento) de quem é a culpa. Requer-se competência, pulso firme, conhecimento de causa, senso prático e sobretudo muito realismo, para que o País passe quase incólume (ou pelo menos com o mínimo de prejuízo possível), por essa fase aguda de estiagem, quando os reservatórios de água das principais hidrelétricas nacionais se encontram perigosamente vazios. Não temos outra alternativa.

É preciso poupar, poupar e poupar energia elétrica. Não por receio das odiosas sobretaxas impostas pelo governo. E nem por medo da perspectiva do cidadão ter seu fornecimento de eletricidade interrompido, caso não alcance a meta de economia, de 20% no consumo. É que poupando, não vai faltar. E todos serão beneficiados, tanto os que concordam, quanto os que discordam das medidas determinadas pelo Ministério do Apagão. Ademais, o que for economizado, será um importante reforço no orçamento doméstico de cada um, o que nunca é de se desprezar.

A discussão lógica, daqui para frente, não deve se centrar em quem é ou quem não é o culpado pela atual situação. Até porque, essa "caça às bruxas" nada irá render de prático e de efetivo a ninguém. Discussões desse tipo nunca renderam e jamais passaram de mera perda de tempo. A sociedade deve, isto sim, mobilizar-se para exigir, mediante todos os meios de que dispõe, que sejam feitos, no tempo mais curto possível, os investimentos que faltaram até aqui. Principalmente na expansão da rede de transmissão de energia, o "calcanhar de Aquiles" do "imbroglio" energético brasileiro. O resto é blá-blá-blá dos políticos ou dos politiqueiros.

Não é hora, pois, de chorar o leite derramado, apesar dos pesados prejuízos econômicos que certamente o País vai ter, com seriíssimos reflexos sociais. Todo o empenho deve ser no sentido de evitar que nos próximos invernos, chuvosos ou não (não importa) tenhamos a repetição do que está ocorrendo neste. E se nada for feito, se as coisas forem mantidas rigorosamente como estão, nos anos vindouros o déficit energético nacional certamente vai se agravar. E o País terá o seu desenvolvimento, senão totalmente paralisado, pelo menos bastante reduzido, com prejuízos irrecuperáveis para as novas gerações.

A sensação geral, neste momento, é das mais desagradáveis: é a de que o Brasil está andando para trás. E isto acontece justo num momento em que a economia mostrava inequívocos sinais de recuperação, após anos e anos de estagnação, ora sob um pretexto, ora sob outro (remember: crises do México, da Ásia, da Rússia, da Argentina, etc. etc. etc.).

Desculpas nunca faltaram e jamais faltarão para justificar a incompetência e o fracasso de algum projeto, empreendimento ou modelo econômico. E o atual fracassou, embora seus defensores (ou advogando em causa própria ou por pura ignorância da realidade), teimem em não admitir. A História irá punir os verdadeiros culpados pelo que está acontecendo...

(Editorial da Folha do Taquaral de 4 de maio de 2001).



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CRÔNICA DO DIA - Parceria post-mortem


Parceria post-mortem

Pedro J. Bondaczuk

A trilogia “Millenium”, do jornalista sueco Stieg Larsson, é um dos maiores sucessos editoriais da primeira década do século XXI. Vendeu uma quantidade imensa de livros mundo afora, e continua vendendo e esgotando edições após edições, sem que se saiba onde esse sucesso todo irá parar. Para que vocês tenham uma ideia, na Suécia, terra natal do autor, uma em cada quatro pessoas leu pelo menos um dos três livros da série. E o sucesso repetiu-se em toda a Europa, nos Estados Unidos e também no Brasil.
O irônico de tudo isso é que Stieg Larsson não pôde testemunhar seu imenso êxito literário. Aliás, temia que os livros, se publicados, viessem a encalhar nas livrarias e se constituir em contundente fracasso. Morreu em sua casa, precocemente, vítima de um fulminante ataque cardíaco, aos 50 anos de idade, dias depois de haver entregue à editora os originais dos três romances da série. Ou seja, o lançamento foi feito postumamente. Quem se deu mal com sua morte súbita, porém, foi sua esposa e companheira de aventuras e ideais, a arquiteta Eva Gabrielsson. Ocorre que Larsson não deixou testamento. Pudera, sequer desconfiava que iria morrer na idade que tinha! Ninguém consegue prever um evento desses!
De acordo com a legislação sueca, em casos como este, em que não existe testamento e o casal não tenha filhos, os herdeiros legais dos bens do falecido, e notadamente dos direitos autorais dos seus livros caso seja escritor, são os pais e irmãos. Dessa forma... Eva ficou a ver navios. Claro que ela vem fazendo de tudo para reverter, na justiça, essa situação.
Ela lançou, em 2011, simultaneamente, na França, Suécia e Noruega, um livro de memórias, que tende a gerar ainda mais polêmica em torno da questão, intitulado “Millenium, Stieg and me”. Ele foi escrito em colaboração com a jornalista francesa Marie-Françoise Colombari. O conteúdo, em boa parte da obra, é o que se espera desse gênero. Ou seja, a narrativa da infância de Eva, como ela conheceu Larsson (com quem esteve casada por 32 anos), a vida em comum do casal e seus esforços para manter a revista “Expo”, fundada pelo marido em 1995, quando a extrema-direita ganhava força na Suécia.
Até aí, tudo bem. Não há nada de excepcional que um livro de memórias não contenha. O que chamou a atenção da opinião pública e, principalmente, dos meios editoriais, todavia, foi a afirmação de Gabrielsson de que estava em condições de concluir o quarto volume da série “Millenium” (os três bem-sucedidos, recorde-se, são “Os homens que não amavam as mulheres”, “A menina que brincava com fogo” e “A rainha do castelo de ar”) e que está decidida a fazê-lo. Ela informa que esse novo livro está praticamente escrito, e pelo próprio marido falecido, que teria deixado 200 de suas páginas redigidas em um computador pessoal antes da morte prematura.
Para se antecipar a, ou prevenir comentários maldosos, Eva assegura que não está de olho no dinheiro, embora tenha consciência que esse quarto romance da série tende a vender tanto, ou até mais (por causa do fator “curiosidade”) do que os outros três. Assegura que sua intenção é fazer a vontade de Stieg e com isso reverenciar sua memória. Acho justa esta luta de Gabrielsson. Injusto é ela não herdar os direitos autorais do marido, apenas pelo fato deste não haver redigido um testamento.
Para quem não leu nenhum dos três livros da trilogia “Millenium”, informo que os principais personagens dessas histórias de suspense, que prendem o leitor da primeira à última página, são o jornalista investigativo Mikael Blonkvist e a hacker punk Lisbeth Salander. O primeiro desbarata esquemas fraudulentos e soluciona crimes escabrosos. Já a segunda, que parece ser uma garota frágil, é, na verdade, mulher determinada, ardilosa e perita tanto em ciberpirataria quanto nas táticas do pugilismo.
Outros personagens relevantes são Annika Giannini, irmã de Mikael, advogada cuja especialidade é a defesa de mulheres vítimas da violência e o inspetor Jan Bublanski, que ignora a promotoria e tem métodos bastante pessoais e nada ortodoxos de fazer investigações. Claro que sequer resumirei o enredo de nenhum dos três livros, para não estragar seu prazer de acompanhar e tentar desvendar por si só as respectivas tramas, meu exigente leitor.
Mas, voltando à Eva, ela explica porque é capaz de concluir o quarto volume da série “Millenium” que o marido teria deixado bem encaminhado: “Stieg e eu frequentemente escrevíamos juntos”. E não há porque duvidar disso. Só não concordo com a afirmação da viúva de que o dinheiro não tem nada a ver com toda essa história. Se fosse verdade, ela aceitaria a oferta da família do marido morto que, numa tentativa de conciliação, ofereceu-lhe 2,1 milhões de euros, além de um lugar no conselho executivo da empresa que administra os direitos de Stieg. Como se vê, foi uma oferta nem um pouco desprezível. Para ela, porém, é ou tudo ou nada.
Pelo visto, esta história dos direitos autorais de Stieg Larsson ainda está muitíssimo distante de acabar. Provavelmente, teremos capítulos e mais capítulos, com um suspense igual ou até maior do que o dos livros da trilogia (que, provavelmente, se transformará em quadrilogia, posto que o quarto romance tenda a ser considerado apócrifo pelos leitores e pela crítica). Da minha parte, caso morresse antes de concluir minha obra (toc-toc-toc na madeira), bem que gostaria de contar com esse tipo de parceria post mortem. Ou seja, de alguém que tenha partilhado não apenas meu leito conjugal, mas minhas ideias, meus projetos e meu coração.

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Friday, October 05, 2018

Reflexão do dia


NÃO DEVEMOS NOS LEVAR TÃO A SÉRIO. 

QUE TAL RIRMOS DE NÓS MESMOS?

Neste mundo incompreensível, em que, como em “O alienista”, de Machado de Assis, os mentalmente sadios estão confinados em manicômios, nas várias “Casas Verdes” que há por aí, e os malucos belezas andam à solta com ares de “sapiência”, se tivermos que rir de alguém, que seja de nós mesmos. Não devemos nos levar tão a sério. Embora não percebamos, quando o fazemos somos ridículos (na verdadeira acepção do termo, ou seja, “dignos de riso”). Quando conseguirmos rir de nós mesmos, com franqueza e espontaneidade, estaremos manifestando, sobretudo, segurança em relação ao que somos ou que fazemos. O riso, o bom humor e a alegria são o verdadeiro elixir da eterna juventude. Sorrir faz bem à saúde e prolonga a vida, conferindo-lhe luz, paz e qualidade. Portanto, quando se sentir assediado pela tristeza, preocupação, dúvida ou depressão, não hesite, caro leitor: sorria!!!! E não tente compreender o mundo. Jamais conseguirá, mesmo que ache que sim. Irá frustrar-se. Em vez disso, viva plenamente. Afinal, esta é uma aventura fascinante e única, que, portanto, não tem reprise.


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A CAMINHO DO SUCESSO!!!

Tudo indica que meu novo livro, “Dimensões infinitas”, a “menina dos meus olhos” entre minha já vasta obra literária, em breve estará nas livrarias, ao seu alcance, querido e fiel leitor. Tão logo a possibilidade se transforme em certeza e seja confirmada a publicação, darei maiores detalhes sobre a editora, a data de lançamento e outras informações pertinentes. Por enquanto reitero o que já informei sobre esse livro. Dimensões infinitas reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Nele abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, claro e simples (sem ser simplório) assuntos da maior relevância cultural tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio se, ou melhor, quando ele for publicado, é o de convencer os leitores (no caso você, meu caríssimo amigo) da sua qualidade e importância e transformá-lo num grande sucesso editorial. Por que não?!!! Afinal, já não sou mais, e há muito tempo, “marinheiro de primeira viagem. “Dimensões infinitas”, caso seja mesmo publicado (e estou convencido de que vai ser) será meu quinto livro, o segundo de ensaios. Conto com você, querido leitor, que nunca me abandonou nos meus momentos mais difíceis, como sempre contei. Estou esperançoso e confiante de que em breve essa esperança irá se transformar em euforia. Que os anjos digam amém!!!!


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VOLTANDO A PESCAR EM ÁGUAS TURVAS

Após duas experiências – uma fracassada e outra bem sucedida – volto a tentar “pescar em águas turvas”. O insucesso foi com meu livro “Copas ganhas e perdidas”. Voltarei, no entanto, a tentar publicá-lo, mas só às vésperas da Copa do Qatar, por uma questão de oportunidade. Já “Dimensões infinitas” está prestes a ser publicado. Ou seja, sua pesca resultou em um “peixão”. Agora tenho nova proposta a fazer às editoras. Volto a lembrar que se diz que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que venho tentando, há algum tempo, conferir. O livro que agora tenho a oferecer (absolutamente inédito), é de ficção, de contos, portanto, comercialmente com ótimas possibilidades de venda. Seu título é: “Passarela de sonhos”. Reúne sete histórias da maior festa popular do mundo, ou seja, o Carnaval. Algumas foram baseadas em fatos reais. Outras são frutos exclusivos da minha imaginação. A linguagem é absolutamente acessível a todos e o estilo é coloquial, como se eu estivesse contando as histórias a você, leitor amigo, em um happy our de final de tarde nem barzinho qualquer. É um livro não somente para ser lido, mas também para ser presenteado às pessoas de sua estima. Meu desafio continua sendo o mesmo de quando iniciei as tentativas de “pesca em águas turvas”. Ou seja, é o de motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, mas apenas pela internet, e sem que me exijam bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta nova tentativa sem limite de tempo. Para fecharmos negócio é simples. Basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse mesmo, pois o produto é de qualidade e, reitero, comercialmente atrativo) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. Quem se habilita?


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CITAÇÃO DO DIA:


Teoria do Big Bang 

A Teoria do Big Bang ainda não resolveu três questões fundamentais: o que aconteceu antes do instante inicial (da explosão do átomo primitivo que, segundo esta teoria, deu origem ao Universo); a natureza da própria singularidade (desta massa de átomo primitivo no instante zero do processo que originou a explosão e formação do Universo); e a origem das galáxias (o processo minucioso de sua constituição e desenvolvimento).

(Joseph Silk).


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DIRETO DO ARQUIVO - País mais sombrio


País mais sombrio


Pedro J. Bondaczuk


O Brasil tornou-se, nos últimos dias, literalmente, um país mais sombrio, em todos os sentidos. Carece, cada vez mais, de luz. Não bastassem as sucessivas denúncias de corrupção dos políticos, em todos os níveis da vida pública; a escalada da inflação; o incremento da violência e até a sofrível performance da Seleção Brasileira de futebol, na iminência de ficar, pela primeira vez na história, fora de uma Copa do Mundo, agora as ruas, avenidas, parques e monumentos das principais cidades do País também estão (no período noturno), na penumbra.

Isto é consequência das medidas recém-adotadas pelo governo federal, algumas já postas em prática, de poupança de energia elétrica, numa desesperada tentativa de evitar os temidos "apagões". Os bandidos, evidentemente, "agradecem". A população, que sustenta o Estado com impostos nada suaves, e que elegeu os atuais governantes, na presunção de que eles eram competentes e aptos para evitar essa dramática situação (e muitas outras), acaba, mais uma vez, sendo responsabilizada pelo que não fez. E é penalizada, em todos os sentidos, sem ter para quem reclamar.

Além de não poder contar com o conforto da eletricidade farta e barata, para satisfazer plenamente suas necessidades (afinal, paga, e muito, pelo fornecimento) conforme promessa feita quando do início do processo de privatização das empresas geradoras de energia elétrica, se vê ameaçada pelo crescimento da violência urbana e da criminalidade. O próprio governo deu a entender, em passado ainda recente, que a má iluminação das ruas das grandes cidades era, senão um incentivo, pelo menos uma facilidade para o aumento do número de roubos, assaltos e outros delitos contra a vida e contra o patrimônio.

Tanto que um dos principais pontos do alardeado (e fracassado) plano "Antiviolência", anunciado no ano passado, com grande estardalhaço e farta publicidade, pelo Ministério da Justiça, era o "Reluz". Ou seja, a liberação de verbas federais aos Estados e municípios, destinadas a financiar obras tendentes a iluminar melhor nossas principais metrópoles, assegurando, dessa forma, maior segurança à população.

No entanto, agora, não só esse projeto é deixado de lado, como a iluminação pública acaba sendo reduzida, e muito, (em no mínimo 35%). Vai ser uma festa para os ladrões! É, ou não é, uma incoerência, para não dizer outra coisa? A vida, por isso, tende a se tornar muito mais difícil do que já é, durante o tempo em que durar esse racionamento (só Deus sabe quanto!). Todos os espetáculos públicos, no período noturno, por exemplo, como jogos de futebol, basquete ou vôlei; espetáculos de circo, rodeios e parques de diversão, etc., estão proibidos. Fica, pois, comprometido o lazer popular. E os profissionais que atuam nessas atividades estão em sérias dificuldades...

Além de tudo, cada brasileiro está sendo "intimado" (é esse o termo exato para as medidas, anunciadas na semana passada, pelo que já foi apelidado de "Ministério do Apagão") a pagar a conta, como se fosse um grande gastador, um irresponsável perdulário, um notório desperdiçador de energia elétrica. Evidentemente, não é! Estatísticas internacionais, da maior confiabilidade, mostram que o País está situado no 82º lugar no ranking mundial de consumo per capita de eletricidade! Mesmo com uma população de menos da metade da dos Estados Unidos, O Brasil consome, em média, por ano, dez vezes menos energia elétrica do que a grande superpotência. Este é um dado irrefutável!

Ademais, a demanda residencial representa apenas 27% da total. A economia que deve gerar, portanto, não resolverá, com toda a certeza, o problema atual. Só vai causar profundo (e compreensível) desgaste político no governo, nas vésperas da sucessão presidencial, além de imensos contratempos a toda a população. As multas a serem cobradas das famílias que não alcançarem a cota de 20% de economia, imposta pelo Ministério do Apagão, se constituem em clamoroso abuso (senão numa flagrante ilegalidade). Tais medidas, provavelmente, serão derrubadas na Justiça, antes mesmo de entrarem em vigor, dado o bom senso do nosso Judiciário.

Quem deveria pagar essa conta toda, frise-se, seriam os verdadeiros responsáveis: os mentores do atual modelo energético do País. A culpa dessa situação, prevista há mais de dez anos (e que o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o surpreendeu) tem sido lançada, principalmente, sobre São Pedro, que não teria mandado chuvas suficientes, durante o verão, para encher os reservatórios de água das nossas principais hidrelétricas. Como desculpa, para os leigos, até que soa aceitável. Mas não se sustenta diante das evidências. A rigor, (embora as autoridades deem a entender que não), o problema energético brasileiro não está na deficiência de geração de eletricidade. O Sul e o Norte do País têm energia em abundância! Tanto que estão livres das medidas de contenção. O que falta são linhas de transmissão, para aproveitar esses preciosos quilowatts excedentes, nas regiões em que eles são escassos: Sudeste, Nordeste e Centro Oeste. Onde estão os investimentos prometidos durante o processo de privatização? O que tem sido feito para ampliar a oferta de energia? A quem competia evitar a atual situação? A São Pedro? À população? Ou aos (ir)responsáveis pela política energética do País?!?

(Editorial da Folha do Taquaral de 22 de maio de 2001).

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CRÔNICA DO DIA - A hora da verdade


A hora da verdade



Pedro J. Bondaczuk


A hora da verdade finalmente chegou para os candidatos a presidente da República, governadores, senadores (dois por Estado), deputados federais e estaduais, em uma das eleições mais tensas e renhidas da história contemporânea do País. Dentro de apenas 48 horas, 147,3 milhões de eleitores habilitados a votar irão exercer, mais uma vez, seu sagrado e inalienável direito de voto. Da sua soberana decisão vai depender o destino do Brasil nos próximos quatro anos. Esta será uma das maiores eleições do mundo, em número de votantes, em quantidade maior do que as populações totais de 197 dos países com assento nas Nações Unidas. Espera-se que desta vez a escolha dos eleitos para os vários cargos em disputa seja pensada, refletida, livre e racional e que recaia nos mais preparados para gerir, com dinamismo, eficácia e competência, os destinos dos Estados e do País, nos poderes Legislativo e Executivo nacionais e estaduais. Os cidadãos já esgotaram sua cota de erros. Não têm mais (na verdade, não temos) o direito de errar!!! A menos que haja monumental surpresa, não detectada por nenhuma pesquisa, teremos, fatalmente, um segundo turno para a presidência e para governadores de alguns Estados (não todos). Quem vai enfrentar quem nessa oportunidade? A decisão será sua, exclusivamente sua, prezado eleitor!

Vamos conversar um pouquinho, tête-a-tête, numa boa? Você analisou atentamente os programas e os antecedentes dos candidatos ou vai se deixar levar, mais uma vez, simplesmente pelo marketing político ou por simpatia pessoal? Ou vai ser influenciado por pesquisas, muitas delas até contestáveis, e votar em quem está na frente, simplesmente para dizer que votou no vencedor, sem nenhuma convicção ou análise? Atentou para a importância do voto? Sabe que esse exercício democrático é mais do que mera obrigação, se constituindo, na verdade, em sagrado e inalienável direito? Está pronto para exercer essa prerrogativa com seriedade, responsabilidade e espírito cívico? Está disposto a cobrar o cumprimento das promessas daqueles que escolher, caso sejam eleitos? Não?! Mas deveria!

O voto, na verdade, nada mais é do que uma procuração passada a alguém para que tome decisões em seu nome. Portanto, você será cúmplice daqueles a quem outorgou essa responsabilidade, em caso de se corromperem ou agirem com improbidade e incompetência. Restam ainda 48 horas para sua reflexão, tempo no qual sua decisão ainda pode ser mudada. Depois que você apertar a tecla verde, na qual está escrita a palavra "Confirma", da urna eletrônica, não haverá volta atrás, se a escolha for equivocada. Pense, portanto, duas, cinco, dez, mil vezes, se necessário, antes de expressar a sua confiança em um presidente, um governador, dois senadores e um deputado estadual e outro federal. Não vote em alguém simplesmente porque foi sugerido por algum parente, vizinho ou amigo. Nem apenas por causa do partido a que ele pertence, pois no Brasil, salvo raras e honrosas exceções, estes não passam de meras siglas, muitas de aluguel, com pouco, ou nenhum significado ideológico. Pesquise antes se as pessoas em quem pretende votar estão de fato preparadas para governar e para legislar em seu nome. E, em circunstância alguma barganhe seu voto, nem o troque por absolutamente nada, por alguma fortuita promessa de emprego, por objetos, dinheiro ou seja lá o que for. Isso é crime! E se tal negociação "espúria" for descoberta, e denunciada, você pode ter sérios (e merecidos) problemas com a Justiça. Tão corrupto quanto o que suborna é o subornado.

Não traia seu Estado e, principalmente, seu País, elegendo pessoas despreparadas. As consequências de uma escolha desastrada são sempre muito graves, gravíssimas para toda a população. Implicam, sobretudo, em atrasos no nosso desenvolvimento, além da multiplicação e agravamento dos problemas. E não se omita. Tenha personalidade e não deixe a decisão de eleger o melhor presidente, o melhor governador e os melhores senadores e deputados para os outros. Não anule seu voto. Vote! Mas faça-o com consciência, sabedoria e convicção! E boa sorte!



(PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 205, DO JORNAL "AQUI PAULÍNIA", EM 05.10.2018).

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Thursday, October 04, 2018

Reflexão do dia


UMA BOA GARGALHADA É COMO UM SOPRO SUTIL 

DE UMA BRISA DE PRIMAVERA

Se rir já é muito bom, imaginem gargalhar, e espontaneamente É muito melhor! E, convenhamos, não nos faltam situações, no dia a dia, propícias a uma boa gargalhada. Reitero que levamos tudo e todos com seriedade em demasia, esquecidos que a maior parte dos desejos e aborrecimentos que nos afetam e afligem não passa de grande ilusão. Victor Hugo chegou a comparar a gargalhada ao sol, “que varre o inverno do rosto humano”. É como um sopro sutil de uma brisa de primavera. E, o melhor: está sempre ao nosso alcance, para nos valermos dela quando quisermos. O escritor William Thackeray também assegura, do alto da sua experiência, o mesmo que Victor Hugo, posto que com outras palavras. Diz que “uma boa risada é um raio de sol”. Observo, no entanto, (na verdade, reitero) que devemos rir “para” alguém ou “com” ele, e nunca “de” quem quer que seja. O riso franco e espontâneo desanuvia qualquer ambiente e coloca todo e qualquer problema na sua devida perspectiva. É, antes de tudo, manifestação de humanidade. Afinal, queiram ou não, (e aqui torno a reiterar) o homem é o único animal que ri. Não acreditam? Pois bem, apontem-me outro. Não conseguem, não é? Nunca conseguirão. Não existe outro.


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A CAMINHO DO SUCESSO!!!

Tudo indica que meu novo livro, “Dimensões infinitas”, a “menina dos meus olhos” entre minha já vasta obra literária, em breve estará nas livrarias, ao seu alcance, querido e fiel leitor. Tão logo a possibilidade se transforme em certeza e seja confirmada a publicação, darei maiores detalhes sobre a editora, a data de lançamento e outras informações pertinentes. Por enquanto reitero o que já informei sobre esse livro. Dimensões infinitas reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Nele abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, claro e simples (sem ser simplório) assuntos da maior relevância cultural tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio se, ou melhor, quando ele for publicado, é o de convencer os leitores (no caso você, meu caríssimo amigo) da sua qualidade e importância e transformá-lo num grande sucesso editorial. Por que não?!!! Afinal, já não sou mais, e há muito tempo, “marinheiro de primeira viagem. “Dimensões infinitas”, caso seja mesmo publicado (e estou convencido de que vai ser) será meu quinto livro, o segundo de ensaios. Conto com você, querido leitor, que nunca me abandonou nos meus momentos mais difíceis, como sempre contei. Estou esperançoso e confiante de que em breve essa esperança irá se transformar em euforia. Que os anjos digam amém!!!!


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CITAÇÃO DO DIA:


Carro é liberdade 

O carro é uma forma de liberdade que as pessoas lutarão para preservar. Há duas coisas pelas quais as pessoas até matariam para manter: seu aparelho de TV e seu carro. São objetos que dão sensação de poder e autonomia. O que devemos fazer é tornar os carros melhores, mais seguros e menos poluentes.

(Alvin Toffler).



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DIRETO DO ARQUIVO - Economia ou racionamento


Economia ou racionamento


Pedro J. Bondaczuk


O governo federal, através da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), está prestes a tornar oficiais, nas próximas horas, algumas medidas, fartamente divulgadas nos últimos dias pela imprensa, tendentes a reduzir drasticamente o consumo de eletricidade em todo o País, para evitar um indesejável racionamento.

A decisão, conforme justificam os técnicos, deve-se aos baixos níveis das águas em diversos reservatórios (alguns com apenas 35% da sua capacidade normal), responsáveis pela movimentação de turbinas de boa parte das hidrelétricas brasileiras, notadamente das regiões Sudeste e Centro Oeste, em decorrência de um verão inusitadamente seco nessas áreas, com chuvas insuficientes para repor os níveis ideais das represas.

Trata-se, pois, da primeira vez em que a população é convocada (talvez o termo mais correto seria "intimada" ou "coagida") a fazer esse tipo de economia, sob ameaça de pesadas multas, que em alguns casos poderiam elevar as contas de luz em até 400% ou mais. A medida, entre outras coisas, ameaça o tímido crescimento da atividade econômica que se esboça no País, com possibilidades reais de afetar severamente a produção industrial e aumentar, ainda mais, o já escandaloso nível de desemprego que se verifica na atualidade, apesar das negativas do governo, agravando ainda mais o já gravíssimo caos social. Há, portanto, uma série de questionamentos, e de críticas, todos altamente pertinentes, contra tão draconianas providências, tanto de ordem jurídica, quanto, e principalmente, de caráter prático.

Há, por exemplo, quem questione a falta de investimentos em novas unidades de geração de energia elétrica (hidrelétricas, termelétricas, etc.) nas áreas de maior consumo, como a principal responsável pelo atual risco de escassez. Afinal, a maior capacidade da iniciativa privada de investir, neste tão sensível e estratégico setor (e em outro qualquer) foi um dos pretextos (o principal) para a privatização de várias das empresas estatais, que até funcionavam a contento.

Nota-se, no entanto, que pouco (ou nada) se investiu, embora houvesse considerável crescimento da atividade econômica, com a consequente e esperada elevação do consumo. E apesar do compromisso assumido pelas diversas concessionárias, beneficiadas com a aquisição de rentáveis complexos de geração e de distribuição de energia elétrica, em várias partes do País, a preços altamente compensadores (quando não subsidiados pelo Estado, caracterizando quase que uma "doação"), pelo menos até aqui, pouco, ou nada, se construiu.

Entre os questionamentos às medidas anunciadas pela Aneel estão os de renomados juristas, que garantem que as providências propostas são, sobretudo, inconstitucionais. Ademais (e não são necessárias sequer provas concretas a respeito), o maior desperdício de eletricidade ocorre no próprio setor público. Só em lâmpadas acesas sem qualquer necessidade, dia e noite sem parar, em inúmeros edifícios do governo, que mais parecem gigantescas e feéricas árvores de Natal, alguns milhões de quilowatts são desperdiçados, de forma estúpida e irracional, sem que nada se faça e sem que os responsáveis sejam cobrados.

Uma pergunta ainda carente de resposta refere-se ao destino a ser dado às multas que seriam cobradas das famílias e das empresas que não reduzissem o consumo, caso as propaladas medidas fossem, de fato, implementadas, e tudo indica que o serão (a intenção é que passem a vigorar já a partir de 1º de junho próximo).

O dinheiro arrecadado iria para os cofres das concessionárias ou da Aneel? Caso o destino fosse o das empresas fornecedoras de energia, estaria caracterizada a prática do "preço abusivo", de acordo com o Código Nacional do Consumidor, delito passivo de severa punição. E qual seria a aplicação desses recursos? Como seria feito o controle das contas de luz? Quem se encarregaria, por exemplo, das leituras dos relógios e da comparação com o consumo do mesmo período do ano passado, para apurar se houve ou não a redução pretendida? Se forem as concessionárias, isto vai equivaler a "entregar a guarda do galinheiro à responsabilidade da raposa".

Não se trata, portanto, de pessimismo considerar que uma tarefa desse porte, por sua complexidade e abrangência, não está nas possibilidades de nenhuma das empresas do País. Que haveria escassez de energia elétrica, a partir dos primeiros anos deste século, todas as pessoas razoavelmente bem informadas já sabiam há pelo menos dez anos. Foram inúmeros os alertas nesse sentido, feitos por especialistas, e divulgados com estardalhaço por vários órgãos de imprensa, sem que nenhuma providência prática fosse tomada. Aliás, desde a década dos 80s que se cobram maiores (e mais racionais) investimentos no setor energético. Em vão! Algumas hidrelétricas foram, de fato, construídas, mas com escandalosos superfaturamentos em seus custos, cuidadosamente escondidos da opinião pública. Unidades orçadas em um determinado valor (em geral já superdimensionado), quando concluídas acabaram custando o dobro, o triplo ou mais. E nenhum desses "Lalaus" da vida foi sequer identificado, quanto mais molestado. Por que? É um mistério!

A falta de chuvas do último verão não passa, portanto, de um esfarrapado pretexto para tentar esconder a incompetência (para se dizer o mínimo) de quem tinha a obrigação de prever soluções para situações críticas, como a deste ano, mas que não previu. O País não pode ficar a mercê de decisões desses burocratas insensíveis, ou na dependência dos caprichos da natureza, num setor econômico tão estratégico, quanto o da geração e distribuição de energia elétrica. Afinal, ao contrário do que pensa o vulgo, "um raio não cai uma única vez num mesmo lugar". Não necessariamente...

(Editorial da Folha do Taquaral da segunda quinzena de maio de 1998)/



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CRÔNICA DO DIA - Palavra que é um paradoxo


Palavra que é um paradoxo


Pedro J. Bondaczuk


O que o futuro nos reserva? Esta é uma pergunta que fazemos a nós mesmos, e aos outros, a todo o momento, sem que encontremos uma resposta convincente, lógica ou pelo menos razoável. Há alguém que possa responder essa questão com 100% de acerto? Obviamente que não! E com 90%? Também não! E com 50%? Idem! E com 10%? Ainda não! E com 1%? Talvez, mas a probabilidade de errar ainda é altíssima. Exagero meu? Longe disso! Raciocinem comigo.

Como vocês podem dar a mínima garantia, a que mais se aproxime da exatidão, sobre o que ainda não aconteceu e que não há a mais remota certeza que acontecerá? “Bem, pode-se prever isso, e com alguma chance de acerto”, dirá o leitor. Se pode mesmo? A própria palavra “previsão” é um tremendo paradoxo, imensa contradição. Significa, em sentido lato, “ver previamente”. Ou seja, enxergar o que ainda não aconteceu e que, portanto, não existe. Se não existe... não podemos ver. Podemos, somente, imaginar. Não há, por conseguinte, nenhuma previsão de fato. Ninguém vê o abstrato, o imaginário, o que não existe, concordam? O que há é imaginação, adivinhação ou seja lá o que for.

A previsão, portanto, não é campo de atuação para jornalistas, que lidam com fatos. Há, é verdade, os que se arriscam a prever acontecimentos. Praticam, por conseguinte, o antijornalismo. O que não aconteceu ainda, obviamente, não é notícia, matéria-prima da sua atividade. A previsão, todavia, é campo fértil para nós, escritores, sobretudo para os que lidam com ficção. Nós, sim, podemos “prever” o que quisermos, pois não temos compromisso algum com a “verdade” e nem com a “realidade”. Buscamos, ao urdir nossas histórias, a verossimilhança. Esta, todavia, sequer é fundamental em nossa atividade. É desejável, porém não indispensável.

Essa questão do futuro, ou seja, do segundo seguinte ao que estamos vivendo, sempre foi, é e será um tema fascinante para reflexões. Por exemplo, esse tempo que ainda não chegou é sempre projetado por nós, em nossa mente, como potencialmente melhor do que o presente. Essas projeções, porém, são ditadas, apenas, por nossos desejos e pela fantasia. Raramente se baseiam em fatos e sequer levamos em conta os imprevistos.

Não se trata de ser pessimista, mas baseados na pura lógica, se pode afirmar que o futuro, pelo menos o mais remoto (não o imediato), caso venha a existir para nós (podemos, óbvio, morrer antes) sempre tende a ser pior do que o presente. Por que? Porque nele há imensa probabilidade de perdermos entes que amamos, de pagarmos duro preço pelas oportunidades que desperdiçarmos, de termos que conviver com frustrações e decepções que acumularmos e da certeza de que envelheceremos, nossas forças e entusiasmo declinarão, o mundo estará mais povoado e, por isso, mais poluído, depredado e tenso e os problemas pessoais e sociais haverão de se multiplicar. E, sobretudo, nele estará o nosso fim. É preciso mais argumento?

A mera preocupação com esse tal futuro, sem prévia ação, no sentido de “construí-lo” (reitero, ele é, antes de tudo, abstração, pois concretamente “ainda” não existe) achando que as coisas irão se concretizar por si sós, à nossa revelia, é uma estupidez sem tamanho. Se quisermos que nossos projetos se concretizem (e isso se os tivermos) temos que agir nesse sentido. E jamais teremos certeza de sucesso. Precisamos estudar, trabalhar e nos preparar com método, organização e aplicação, dia a dia, anos a fio para termos alguma chance, posto que remota. Ainda assim, não há segurança nenhuma de êxito (nunca há e para ninguém).

Reitero o que já escrevi inúmeras vezes: não temos sequer certeza de que amanheceremos vivos amanhã, quanto mais sobre os resultados dos nossos esforços num remoto e nebuloso futuro. Como “prever”, ou seja, como “ver previamente”, com antecedência não importa se de segundos ou décadas, isso que ainda não aconteceu, e acertar? Caso venhamos a nos preparar adequadamente, se aprendermos todo o conhecimento a que tivermos acesso, nossas possibilidades de sucesso “talvez” cresçam, e exponencialmente. O êxito será, pelo menos potencialmente (mas talvez minimamente), viável.

Mas não há quem não se ocupe, de uma forma ou outra, com o futuro. Essa preocupação, desde que moderada, é saudável e desejável. Contudo, é preciso ter em mente, reitero e insisto na reiteração, que o futuro não passa de abstração, de mero potencial, de simples vir-a-ser. Pode se concretizar rapidamente, transformando-se, em infinitésimos de segundo, no presente, como pode nunca acontecer, em decorrência da nossa mortalidade.

Sua matéria-prima, portanto, são os sonhos, as esperanças, as projeções da mente e da imaginação. A realidade é o momento presente, tão curtíssimo, mais rápido do que um piscar de olhos, e o passado, caudaloso e extenso. Morris West destaca, no romance “O Navegante”: “Vive-se um minuto depois do outro, vive-se uma hora, vive-se um dia. O futuro é o que se sonha. A realidade é o momento presente apenas, cada batida do coração”. Sonhemos, intensa e profusamente. Mas nos preparemos para quando, ou se, o futuro se fizer presente.



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Wednesday, October 03, 2018

Reflexão do dia


HOMEM É O ÚNICO ANIMAL QUE RI

Considero que o riso seja santo remédio não só para o que não compreendemos e que nos parece, digamos, “fora de órbita”, mas principalmente para nossos tormentos e males, os compreensíveis, claro. A medicina, inclusive, já comprovou sua eficácia e incorporou-o ao seu arsenal de combate à dor. Já escrevi sobre isso? Estou sendo repetitivo? E daí?!!! O riso é uma espécie de válvula de escape de tensões e frustrações. Eleva a taxa de endorfina no organismo e nos proporciona bem-vinda sensação de prazer. Todavia... Estranhamente, utilizamos pouco esse recurso ao alcance de cada um de nós. Preferimos nos manter tensos e contraídos, carrancudos com o cenho carregado, sisudos e impenetráveis, em vez de abrirmos amplo sorriso. Se carranca resolvesse nossos problemas, eu faria a cara mais medonha que já se viu. Entretanto, não resolve. E, pior, não raro os agrava. Rir é exercer plenamente nossa humanidade. Afinal, o homem é o único animal que ri. O riso que recomendo, porém, não é o galhofeiro, o de zombaria, o de menosprezo às fraquezas e vulnerabilidades alheias. Ria, sim, e muito, contudo não “de” alguém, mas “para” as pessoas, de forma franca, agradável e simpática. Agindo assim, verá que a vida se tornará muito melhor, sem precisar fazer nenhum esforço.


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A CAMINHO DO SUCESSO!!!

Tudo indica que meu novo livro, “Dimensões infinitas”, a “menina dos meus olhos” entre minha já vasta obra literária, em breve estará nas livrarias, ao seu alcance, querido e fiel leitor. Tão logo a possibilidade se transforme em certeza e seja confirmada a publicação, darei maiores detalhes sobre a editora, a data de lançamento e outras informações pertinentes. Por enquanto reitero o que já informei sobre esse livro. Dimensões infinitas reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Nele abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, claro e simples (sem ser simplório) assuntos da maior relevância cultural tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio se, ou melhor, quando ele for publicado, é o de convencer os leitores (no caso você, meu caríssimo amigo) da sua qualidade e importância e transformá-lo num grande sucesso editorial. Por que não?!!! Afinal, já não sou mais, e há muito tempo, “marinheiro de primeira viagem. “Dimensões infinitas”, caso seja mesmo publicado (e estou convencido de que vai ser) será meu quinto livro, o segundo de ensaios. Conto com você, querido leitor, que nunca me abandonou nos meus momentos mais difíceis, como sempre contei. Estou esperançoso e confiante de que em breve essa esperança irá se transformar em euforia. Que os anjos digam amém!!!!


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CITAÇÃO DO DIA:


Rejeição da tecnologia 

Muitas das pessoas que hoje começam a questionar o que está acontecendo na moderna sociedade de consumo, como ecologistas, ambientalistas, hippies ou, em outra direção, gente da tendência "new age" (nova era), freqüentemente rejeitam completamente a ciência porque a confundiam com tecnologia. Assim, acabam jogando fora o bebê junto com a água do banho. Mas eu gostaria de dizer que não existe nada de errado com a ciência, com a verdadeira ciência. Existem, sim, muitas, muitas coisas erradas com o uso que fazemos hoje da ciência e a maneira como frequentemente a prostituímos. 


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O que é ciência 

Ciência não é, como muitos pensam, o simples acúmulo de conhecimentos e informação. Ciência é uma disciplina, um método, um caminho para conduzir o diálogo com o Universo.


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Para ser cientista 

Para ser um verdadeiro cientista, você tem que adotar uma série de disciplinas e virtudes. Primeiro, precisa travar um diálogo limpo e absolutamente honesto com o Universo. O cientista que mente, que trapaceia, deixa de ser um cientista – no mínimo enquanto estiver mentindo ou trapaceando. É uma decisão ética. Emocional. Então, como a ciência pode ser fria? A ciência é o valor em si mesma!


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Verdadeiro cientista 

Os verdadeiros cientistas não estão apenas tentando descobrir como o Universo funciona, eles querem ver a beleza. Eles sabem que o Universo é belo. 

(José Lutzenberger).


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