De volta à escola pública
Pedro J. Bondaczuk
A escola pública no Brasil
foi, há quinze ou vinte anos, referência de qualidade no ensino de
primeiro e segundo graus. Havia até certa distorção em seu acesso.
Destinada às pessoas que não podiam pagar, era frequentada, em sua
maioria, por alunos de famílias da classe média.
Com o tempo, em decorrência
do desestímulo ao magistério, por causa dos salários irrisórios,
sofreu rápida e severa deterioração. A qualidade de ensino decaiu
e o perfil de seus alunos mudou.
As famílias de classe média
passaram a matricular os filhos em escolas particulares, apesar do
sacrifício que a despesa implicava. A julgar, porém, pelo que vem
ocorrendo, do fim do ano passado para cá, há uma dramática volta
ao passado nesse aspecto.
Dezenas de pais passaram o
Réveillon em filas, à porta de duas escolas municipais de Campinas
(Professor Vicente Rao, no Parque Industrial, e Castelo Branco, no
Jardim Nova Europa), para conseguir vaga. Eram famílias de classe
média. É certo que os dois estabelecimentos têm prestígio por
oferecerem ensino de boa qualidade.
Mas não se pode negar que a
classe média empobreceu. Isto fica comprovado com o aumento da
procura a outros colégios do Estado ou do município em outras
cidades. Espera-se, porém, que não se repita a distorção do
passado, quando os que não podiam pagar tinham que arranjar algum
meio de poder, para que os filhos tivessem escola. Que o acesso ao
ensino público e de boa qualidade seja garantido a todos,
indistintamente, como prevê a Constituição.
(Editorial número dois,
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 6 de janeiro
de 1997).
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