Tuesday, May 14, 2013


Por que o mundo anda de cabeça virada?


Pedro J. Bondaczuk


O mundo anda de cabeça virada”. Esta expressão, que usamos comumente quando nos deparamos com algum crime bárbaro ou atentado terrorista brutal, é mais certa do que se possa pensar. Isto porque, segundo estimativas bastante conservadoras, pelo menos 10% da população mundial faz uso de algum tipo de droga. Ou seja, há pelo menos 50 milhões de viciados, desde a União Soviética à Tailândia, dos Estados Unidos à Austrália, da Bolívia ao Paquistão. Destes, 20 milhões são norte-americanos, o que representa 30% de todos os que consomem tóxicos no mundo.

Por essa razão, este país vem empreendendo uma dispendiosa campanha publicitária visando a conter, e se possível extirpar, os tentáculos do tráfico internacional de entorpecentes. Desde o início do mês, filmetes têm sido mostrados na televisão de todo o território dos EUA, para revelar ao público os efeitos danosos da maconha, da cocaína, da heroína, do haxixe e de outros produtos de consumo mais popular, tais como o “crack” e o chamado “pó de anjo”.

Num desses filmes exibidos na TV é mostrado ao telespectador um paciente, deitado numa mesa de cirurgia de um hospital e um médico, com os olhos vidrados, com um bisturi nas mãos, fumando um cigarro de maconha antes da operação. Um locutor, ao final das contas, pergunta: “Você gostaria de estar nessa situação?”.

Outros filmes mostram um piloto de jato drogado, um engenheiro, etc., sempre com mensagens idênticas. O objetivo da campanha é o mesmo dos traficantes: chocar a opinião pública. O que é diferente, é a motivação.

Enquanto quem traficas procura se impor diante dos viciados, pela força bruta, para que jamais saiam de suas garras e permaneçam como perpétuos clientes, a publicidade tenta mostrar, especialmente aos jovens, a terrível armadilha na qual podem estar se metendo ao lançarem mão do uso de entorpecentes.

O presidente Ronald Reagan está seriamente empenhado em livrar os Estados Unidos desse domínio do vício. Para tanto, investe uma verba monumental, de US$ 2 bilhões, para reprimir os criminosos, recuperar os drogados e induzir os que ainda não consomem essas substâncias para que jamais as consumam ou ao menos “experimentem”.

Com toda essa ofensiva, todavia, a dolorosa constatação que se pode fazer, com os dados existentes, é uma só: “O mundo está perdendo esta guerra contra os chefões do narcotráfico internacional”. E só há uma maneira de vencer este inimigo: enfrentando-o com as suas próprias armas.

(Artigo publicado na página 68, Polícia, do Correio Popular, em 22 de março de 1987).

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