Sunday, May 12, 2013


Papel dos homens públicos


Pedro J. Bondaczuk


A revelação de um novo escândalo sexual, envolvendo uma prostituta de luxo, nascida na Índia e naturalizada britânica, Pámela Bordes, vem agitando a imprensa e os meios políticos da Grã-Bretanha. A mulher teria afirmado a uma revista pornográfica que dispõe de informações capazes de derrubar o governo inglês.

De imediato, a opinião pública relacionou o caso com outro ocorrido há um quarto de século, que foi o “affaire” amoroso entre o então ministro da Guerra da Grã-Bretanha, John Profumo, e a “call girl” Christine Keller, hoje uma “respeitável” e milionária senhora, afastada do palco principal dos acontecimentos. Apenas nesta semana, portanto, este é o segundo escândalo sexual a estourar em âmbito internacional.

O outro foi a surpreendente confissão, feita anteontem, num programa de televisão, pelo primeiro-ministro da Austrália, Bob Hawke, de que vem traindo a sua esposa há algum tempo. Com lágrimas nos olhos, o premier disse estar arrependido disso e que ama muito a mulher. Como se vê, casos de corrupção (administrativa ou pessoal) não faltam para engordar as manchetes.

Recapitulando, brevemente, os mais óbvios, podemos mencionar, por exemplo, o “Irangate”, no momento em que o seu pivô, o ex-tenente-coronel Oliver North, enfrenta um Grande Júri, com possibilidades de passar o resto da sua vida numa prisão, caso seja condenado.

Ainda nos Estados Unidos, outra questão que está pegando fogo é a referente aos atos de suborno de autoridades do Pentágono para facilitar a vitória em concorrências públicas de determinadas empresas fornecedoras do Departamento de Defesa.

Na União Soviética, embora tenha passado um pouco a grande onda de revelações escandalosas que l’as se deflagrou assim que Mikhail Gorbachev assumiu o poder e começou uma devassa na vida pública local, há o caso do genro do ex-líder, Leonid Brezhnev, cujo julgamento está próximo do final.

Na França e no Japão, os fatos de corrupção versam sobre manipulações de políticos e empresários nas bolsas de valores dos respectivos países. Entre os franceses, para ganhar dinheiro em cima da venda da norte-americana  Triangle para as estatal Pechiney. Entre os japoneses, foram presentinhos em ações da poderosa “Recruit” para homens públicos facilitarem as coisas para a empresa.

Por causa desse incidente, vários ministros foram demitidos, “managers” de grande e sólida reputação acabaram sendo presos e o próprio gabinete do primeiro-ministro Noboru Takeshita está balançando. E não se pode esquecer do expurgo que o Partido Comunista Chinês está fazendo, eliminando 23 mil filiados dos seus quadros.

E por quê? Por causa da corrupção! Como se vê, muita, mas muita gente mesmo ainda não entende o papel verdadeiro do homem público, achando, de forma megalomaníaca, que os cargos que lhes são atribuídos são homenagens pessoais e não deveres de cidadãos que se devem cumprir.

(Artigo publicado na página 17, Internacional, do Correio Popular, em 23 de março de 1989).

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