Saturday, May 05, 2012

Exercício de fé

Pedro J. Bondaczuk


Um besouro
choca-se contra
a vidraça, zumbe,
insiste, mas
tenta em vão:
ao besouro,
que se choca com
a vidraça e,
tonto vai
ao chão,
falta
compreensão.



Minha curiosidade
choca-se contra
o mistério e,
tonta, volta à
terra,
exausta,
cai ao solo,
batida,
vem ao chão:
à mente curiosa,
que se choca
com o infinito,
falta
compreensão.



Um besouro
desconhece
mistérios
de vidraças.
Ao inseto
frágil,
batido,
alienado,
resta a
resignação.



Minha indagação
constante,
meus sucessivos
porquês,
esbarram em
barreiras
concretas.
Só pressinto
o infinito,
insondado
espaço escuro.



Á minha
especulação e
às ditas
ciências até,
resta o caminho
da crença irrestrita:
o exercício
da fé.



Campinas, 21 de fevereiro de 1969

(Poema publicado no "Jornal do ACP" de Paulínia, em 17 de maio de 1969).


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