Friday, March 23, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Momento de reflexão


Momento de reflexão



Pedro J. Bondaczuk

O momento é de reflexão. A campanha política, com vistas às eleições municipais de 3 de outubro próximo, se aproxima da reta final, sem que boa parte dos campineiros tenha definido, ainda, em quem pretende votar. Na corrida sucessória ao Palácio dos Jequitibás, dois candidatos largaram na frente. Pelo menos é o que todas as pesquisas de opinião indicam. São: Carlos Sampaio, do PSDB, e Hélio de Oliveira Santos, do PDT. Nenhum, contudo, dá indicação de que possa estabelecer sobre o adversário uma vantagem tal que lhe possibilite vencer de cara, sem a necessidade de Segundo Turno. E este, como todos sabem, é uma outra eleição. A vitória final depende muito das alianças que são feitas.

Esta é uma das raras ocasiões em que os postulantes à Prefeitura são todos sem experiência administrativa anterior. Tratam-se de políticos jovens, ambiciosos, de olho numa carreira que pode ser promissora, desde que mostrem serviço e sobretudo competência, ou morrer no nascedouro. A campanha, apesar de alguns momentos de maior intensidade, tem se caracterizado pela civilidade. Os candidatos limitam-se a apresentar propostas (se factíveis ou não, é questão para se analisar), sem os costumeiros ataques pessoais, característicos dessas ocasiões. Nesse aspecto, não se pode negar, houve louvável evolução.

O que deixa muito eleitor com a pulga atrás da orelha, porém, é a dúvida se, dos concorrentes, há, de fato, quem se destaque como bom administrador em potencial, que é o que Campinas precisa. A cidade é das mais complexas para se governar. Apresenta problemas crônicos, que se arrastam há anos, e que freiam o ritmo de seu desenvolvimento. E esta metrópole, apesar de progressista e exemplar em vários aspectos, apresenta desníveis sociais tão profundos, ou mais, quanto o restante do País.

As propostas apresentadas até agora pelos candidatos são muito vagas, muito difusas e, principalmente, muito parecidas. Por exemplo, todos os quatro postulantes que estão na dianteira nas pesquisas dizem que, se eleitos, vão implantar o bilhete único nos transportes. Afirmam, também, que as creches vão atender em período integral, quando se sabe que estas contam com um déficit de 14 mil vagas. Isso, funcionando em dois turnos. Num único...Vão faltar lugares. E há muitas e muitas outras inconsistências nas propostas, o que deixa o eleitor ainda mais inseguro quanto à escolha a fazer.

No que se refere à Câmara de Vereadores, a propaganda política gratuita por rádio e televisão, da forma como é feita, não permite que se faça a mínima avaliação sobre a capacidade, o currículo e a vida pregressa dos que disputam as 33 cadeiras do Legislativo Municipal. Daí esperar-se que a taxa de renovação fique em torno de 40% ou menos. O raciocínio do eleitor, nessas circunstâncias, geralmente é: “na dúvida, voto no que já conheço, mesmo que tenha restrições à sua atuação na Câmara”.

De qualquer forma, o campineiro tem ainda três semanas para definir sua escolha. Para não cometer equívocos, que o levem a se arrepender depois, tem que estar super atento à campanha. Precisa ver, ouvir e ler tudo o que se refira aos que postulam o seu voto. E votar com convicção, com a cabeça e não com o coração, para que a cidade não enfrente mais quatro anos de incertezas políticas e de equívocos administrativos. Por tudo isso, este é um momento de reflexão.



(Editorial da Folha Regional Campinas de 14 de setembro de 2004).


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