Thursday, September 24, 2015

Personagem que tornou sua criadora bilionária

Pedro J. Bondaczuk

A Literatura é uma atividade econômica minimamente lucrativa para o escritor (não me refiro à indústria editorial)? É possível, a quem a exerce, viver exclusivamente de sua renda? Vou mais longe. Os mais aptos e criativos conseguem enriquecer exclusivamente com a venda dos livros que escrevem? A resposta que tenho para todas essas questões, baseado em minha experiência pessoal e nas observações que tenho feito a propósito é um enfático e sonoro (diria gritante) NÃO!!! Claro que, como em toda a regra, aqui também há exceções. Porém, a imensa maioria dos escritores, do Brasil e dos países com maior tradição literária cujo povo tem muitíssimo mais gosto pela leitura que o nosso, não consegue sobreviver apenas com a venda de seus livros. Isso, claro, quando eles não encalham nas prateleiras das livrarias.

Há, eu sei, nos Estados Unidos, em vários países da Europa, além do Japão e de um ou outro lugar do mundo, quem consiga fazer da Literatura uma profissão rentável. Mas são raríssimos. Enriquecer, então, é coisa praticamente inconcebível, embora haja um ou outro caso extraordinário de autores que, por um motivo explicável ou inexplicável (e nem sempre pela qualidade literária do que produz) consegue essa proeza. Esses, porém, são raras, raríssimas exceções. A imensa maioria tem que exercer outra atividade profissional qualquer – jornalismo, magistério, medicina, advocacia etc.etc.etc. – para sobreviver com dignidade e poder pagar suas contas em dia, além de sustentar a família.

Tenho na ponta da língua, todavia, o nome de uma pessoa que não só se sustenta (ou pode se sustentar) com o fruto exclusivo dos livros que publica e vende, como foi mais longe: enriqueceu com isso. E mais, tornou-se não milionária, mas bilionária. Não, prezado leitor, não se trata de Paulo Coelho, embora este seja, sem dúvida, fenômeno em termos de sucesso editorial. Não é nenhum brasileiro, por sinal. Trata-se de uma mulher, o que torna o caso ainda mais raro e, por isso, muito mais notável. É a inglesa J. K. Rowling, autora da série de livros que se tornou uma espécie de mania mundial, Harry Potter!!!!

Conforme os últimos dados que consegui coletar –   por sinal, bastante defasados – até fevereiro de 2004, os vários volumes dessa popularíssima saga haviam sido traduzidos para 64 línguas. Mas não se trata da informação mais relevante. A que considero destacável é que haviam sido vendidas, até então, mais de 450 milhões de cópias! Conforme estimativas da Forbes, J. K. Rowling havia abocanhado a bagatela de 576 milhões de libras esterlinas com as vendas de seus romances. Convertida em dólares, essa arrecadação era de mais ou menos US$ 1 bilhão!!! Portanto, já em 2004, a escritora inglesa havia se tornado a primeira pessoa da história a ficar bilionária exclusivamente com o produto dos seus livros!!! Hoje, nem faço idéia de a quanto ascende seu rendimento anual, ou mensal ou mesmo diário (que deve ser imenso) com a série Harry Potter, incluindo, aí, a renda gerada pela filmagem de vários episódios.

Para o leitor ter pálida idéia do que isso significa, informo, com base em dados colhidos na enciclopédia eletrônica Wikipédia, que já em 2006, J. K. Rowling foi nomeada, pela revista Forbes, como a segunda personalidade feminina mais rica do mundo, atrás apenas da apresentadora da televisão americana Oprah Winfrey, e à frente de nomes como a rainha Elizabeth II, Madonna e Gisele Bündchen, respectivamente na terceira, quarta e quinta posições. Em 2007 ficou com a posição 891 dos bilionários do mundo na relação da revista. Nesse mesmo ano, ficou com o número 48 da lista da Forbes "100 Celebridades". Imaginem hoje!!!

Pois a décima mulher citada na série “Catorze personagens femininas inesquecíveis”, organizada pelo site “Homo Literatus” (WWW.homoliteratrus.com) é uma protagonista da saga Harry Potter. Como tudo o que é ligado a J. K. Rowling é superlativo, essa protagonista também descamba para exageros: tem nome, sobrenome e até data de nascimento. Trata-se de Hermione Jean Weasley (Hermione Granger; quando solteira), nascida em 19 de setembro de 1979. Ela é a escolha de alguém que também tem referências superlativas (é empresário, ator, roteirista, professor, diretor de teatro amador, designer gráfico, praticante de arte marcial, instrutor de arma tática, e escritor, ufa!!!), o francano Maik Anderson Barbara, autor do livro “O mestre mantenedor de mundos”.

Como a pesquisa do site - que reúne catorze especialistas em Literatura que têm que escolher apenas uma única personagem feminina que considere inesquecível – impõe, como regra, que cada um dos convidados justifique sua opção, este décimo votante justificou assim a escolha da protagonista da única escritora bilionária da história da literatura mundial:

“Nome inspirado em Shakespeare (Conto de Inverno) e também na forma feminina pré-Grécia do Deus Hermes, que entre outros atributos era a divindade da magia. Hermione Jean Granger é uma dos três protagonistas da saga que marcou a última geração de leitores, Harry Potter. Personagem marcante por sua coragem, idealismo, inteligência e determinação. Acreditava que todo o conhecimento necessário seria fornecido pelos livros. É a grande responsável pela liga tão forte do trio de heróis. A adaptação do cinema não fez justiça a sua essência”.

Maik observou ainda: “Os leitores, contudo, puderam crescer junto com a personagem ao longo dos sete volumes da autora J. K. Rowling. Hermione caracterizou muito bem os problemas típicos de uma estudante – de magia. Além do mais, precisou exercer a amizade em níveis sequer imaginados. Talvez, o que nos encanta nessa personagem de literatura fantástica seja o fato dela também ter pais trouxas, como nós. O carisma da personagem e empatia imposta aos leitores fez de Hermione a segunda personagem mais popular da saga, perdendo apenas para Severo Snape – pesquisa feita pela editora Bloomsbury, Lovefilm e associação Filmclub”. A justificativa de Maik é tão competente e tão bem resumida, que não comporta qualquer acréscimo. Portanto...


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