Monday, April 14, 2014

Tensões, perigos e oportunidades

Pedro J. Bondaczuk

As tensões da vida moderna, mormente na área profissional – onde a alta tecnologia suprime milhões de empregos, definitivamente, pelo mundo afora, a cada ano – são as principais responsáveis por um fenômeno crescente nos nossos dias: o estresse. Esse estado psicológico, que se reflete no organismo, se caracteriza, entre outros sintomas, por um estado de permanente cansaço, dores de estômago, diarréia, insônia, irritabilidade e elevação da pressão arterial. Apesar de existirem técnicas para conviver com essa situação e até usá-la a nosso favor, para produzir mais e melhor, não se recomenda sua adoção, pelos riscos que envolve. O estresse pode até matar, sendo causa freqüente de enfartes e de derrames.

Minhas considerações, todavia, não se concentram no aspecto médico, mas no comportamental e econômico. O indivíduo estressado está sempre nervoso, brigando com os companheiros de trabalho, com a família, com os amigos e com os subordinados (quando se trata de chefe). Arruína, portanto, qualquer relacionamento e envenena até o ambiente mais saudável que exista. Além disso, traz enormes prejuízos financeiros para si e para quem o emprega.

Estatísticas da Organização Mundial do Trabalho revelam que o estresse custa, às empresas dos EUA, mais de US$ 200 bilhões anuais em absenteísmo, produtividade reduzida, despesas médicas e processos de indenização! Na Grã-Bretanha, provoca perdas da ordem de 10% do Produto Interno Bruto! E no Brasil? Embora não haja levantamentos confiáveis a respeito, os prejuízos são equivalentes, ou até maiores, do que os registrados nos países do Primeiro Mundo. Manda a prudência, portanto, que aos primeiros sintomas desse esgotamento extremo, se procure um médico e, sobretudo, que se adote uma postura mais "light" frente aos problemas. Afinal, o trabalho é apenas uma parte da vida... e sequer é a principal! Pense nisso...  

Os instintos da vida, “erótico”, e da morte, “tânico”, em permanente conflito dentro do ser humano, manifestam-se, igualmente, em suas obras. Como, por exemplo, nas sociedades nacionais que ele criou. A despeito de duas grandes guerras mundiais que, juntas, causaram a extinção, de forma violenta, de pelo menos 40 milhões de indivíduos; apesar da violência  urbana crescente, que redunda em muitas mortes, diariamente; mesmo com os conflitos regionais, cada vez mais sangrentos (e eles já foram mais de 400 desde 1945), este dom maravilhoso e inexplicável está prevalecendo.

A população mundial está somente crescendo, assustando os pessimistas e os egoístas, os de visão estreita, que não cogitam de novas formas para acomodar tantos seres humanos e pensam somente em expedientes mortais. Quando a missão Apolo desceu homens na Lua, que exploraram parte de nosso satélite, na década de 70, foram despertadas esperanças grandiosas na humanidade, de dias gloriosos para a espécie. No entanto, a corrida armamentista passou a falar mais alto e as verbas destinadas (ou que deveriam ter este destino) à exploração espacial, acabaram desviadas para a pesquisa e construção de engenhos destrutivos cada vez mais demoníacos e devastadores.

Dessa vez, portanto, o instinto “tânico” ganhou mais alguns pontos sobre o “erótico”. Outros conquistados por ele têm sido a insensata destruição da natureza, o egoísmo crescente que condena milhões de indivíduos à miséria, à fome, ao desespero e a um hedonismo estúpido, na base do “aqui e agora”, que tira das pessoas a visão de grandeza, o sonho da aventura, a coragem de aceitar desafios.

Apesar de todas estas coisas, no entanto, a vida prevalece. Na China, todos os programas de controle da natalidade falharam e o país, que contava chegar ao ano 2000 com 1,1 bilhão de habitantes, atingiu (estatisticamente) quase meio bilhão a mais neste 2013.

Para muitos, o explosivo aumento populacional é sinônimo de miséria, de dificuldades, de aperto. No terreno prático, com as coisas postas como estão atualmente, quando ninguém quer dividir nada com ninguém, às vezes nem com os próprios filhos, é isto realmente o que nos espera. Mas se o homem usar o seu imenso potencial de inteligência de forma ousada; se permitir que o instinto erótico fale mais alto e se conseguir sufocar o tânico; se der rédeas à imaginação e se dispuser a concretizar o seu sonho, poderá operar maravilhas.

Terá condições de viajar para outros sistemas planetários, descobrir outros mundos e povoá-los. Se não fizer isso, o que o espera é a destruição irremediável. Só as formas é que podem variar: através da violência da guerra, total e/ou regional; pela fome ou sufocado pelos maus odores do lixo, da poluição e dos esgotos das centenas de cidades, que ele próprio produz ininterruptamente.


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