Sunday, October 31, 2010







Passamos a vida em busca do reconhecimento pelo que somos ou fazemos. Contudo, será que nossas obras têm, de fato, o valor que lhes atribuímos? Não há como saber! Só o tempo, o implacável tempo, haverá de determinar se o que fizemos foi valioso ou não. Concordo com o escritor francês, Gustave Flaubert, quando afirma: “A menos que se seja um cretino, morre-se sempre na completa incerteza de seu próprio valor e do valor de sua obra”. Compete-nos criar, construir, inventar, descobrir e elaborar, com competência, assiduidade, autodisciplina e diligência. Quanto aos resultados...Jamais saberemos se fomos competentes ou se malbaratamos a vida em troca de nada. É o risco que corremos por sermos criadores.
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O que comprar:

Cronos e Narciso (crônicas, Editora Barauna, 110 páginas) – “Nessa época do eterno presente, em que tudo é reduzido à exaustão dos momentos, este livro de Pedro J. Bondaczuk reaviva a fome de transcendência! (Nei Duclós, escritor e jornalista). –
Preço: R$ 23,90.

Lance fatal (contos, Editora Barauna, 73 páginas) – Um lance, uma única e solitária jogada, pode decidir uma partida e até um campeonato, uma Copa do Mundo. Assim como no jogo – seja de futebol ou de qualquer outro esporte – uma determinada ação, dependendo das circunstâncias, decide uma vida. Esta é a mensagem implícita nos quatro instigantes contos de Pedro J. Bondaczuk neste pequeno grande livro. –
Preço: R$ 20,90.

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Pela internet
WWW.editorabarauna.com.br – Acessar o link “Como comprar” e seguir as instruções.
Em livraria – Em qualquer loja da rede de livrarias Cultura espalhadas pelo País.



Velhos são grandes vítimas

Pedro J. Bondaczuk

O monstruoso caso das quatro enfermeiras austríacas que, mediante uma superdose de insulina, ou de barbitúricos, causaram a morte de pelo menos 49 pacientes do Hospital Lainz, de Viena, traz à baila, novamente, a questão da eutanásia. Ou seja, a chamada “morte piedosa” para os doentes pretensamente desenganados.

A última vez em que tratamos deste assunto, neste espaço, em dezembro de 1988, recebemos um telefonema irritado de uma pessoa, que se recusou a dar sua identidade, afirmando que dizíamos “bobagem” ao condenar essa prática macabra, aliás, proibida em todas as legislações do mundo.

No caso da Áustria, a terrível decisão de decretar o fim prematuro da existência de quase cinco dezenas de seres humanos sequer foi tomada por médicos (raríssimos, se é que exista algum, aceitariam agir dessa maneira).

A maioria dos mortos era constituída de pessoas idosas, que as quatro enfermeiras julgavam ser incuráveis, como se tivessem competência para um diagnóstico dessa espécie. Há um preconceito, aliás, já de longa data, contra os anciãos. Apenas porque eles apresentam um certo e natural desgaste físico, muitos de julgam no direito de decretar sua extinção (senão como seres humanos, ao menos como cidadãos).

A antropóloga norte-americana Margaret Mead via nesse procedimento uma manifestação de pânico dos mais jovens. Ela firmou, num de seus livros: “Os que negligenciam os seus velhos, os segregam, são aqueles que morrem de medo de envelhecer – e que viverão dominados pelo pavor da idade e do amadurecimento. Como os americanos, que têm muito medo da morte”.

E prossegue: “Mas será preciso perguntar: se os velhos se repetem, não será por que ninguém os ouve? Se os velhos ficam diante da televisão (a maneira mais rápida e tétrica de envelhecer), não será por que ninguém fala com eles? O importante é que, a menos que tenhamos velhos com que possamos nos identificar positivamente, vamos passar a vida com medo da idade”.

Por outro lado, não é de se estranhar que haja gente defendendo a chamada “morte piedosa” (dos outros, é claro, nunca a própria), num mundo que tem tamanho desprezo pela vida. Numa sociedade robotizada e aturdida. Num planeta em que 300 mil cidadãos saem às ruas para exigir que se mantenha o direito de matar crianças indefesas, através da prática do aborto. Numa terra em que o desejo desmedido por lucro propicia desastres como o do Estreito Príncipe William, no Alasca, onde um vazamento de óleo atingiu diretamente um santuário biológico e está causando uma mortandade terrível de animais marinhos e de aves. Num mundo onde 40 menores morrem a cada minuto, em média, por falta do que comer, quando há tanto esbanjamento por aí. Como falar em “vida” em meio a tamanho quadro homicida?

(Artigo publicado na página 15, Internacional, do Correio Popular, em 11 de abril de 1989).

Saturday, October 30, 2010







Todo o conhecimento que adquirimos só tem lógica e razão de ser quando revertido em benefício da preservação e evolução da espécie. A pessoa apenas se realiza e justifica sua existência quando vive em função do próximo. É o único caminho sensato que conduz à realização pessoal e à felicidade. Leon Tolstoi constatou, em “Guerra e Paz”: “Todo conhecimento é apenas adaptação da essência da vida às leis da razão”. O egoísmo, pois, é o maior exercício de burrice e de inutilidade que alguém pode praticar. Servir é poder, ao contrário de ser servido, que significa dependência.

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Soneto à doce amada - XCIII

Pedro J. Bondaczuk

A brisa dedilha cordas de harpa,
desperta lamentos, lembranças e mochos
enquanto a lua espia, lá do alto,
a rede ninando o teu sono criança.

Estrelas explodem no espaço infinito,
mágicos fogos luminosos de artifício
e os grilos e sapos, num místico coro
cantam a sua milenar angústia.

Acalente teus anseios, incertezas,
apascente teu onírico rebanho,
de bois azuis, com caras pretas.

Esqueça teus fantasmas insepultos,
sepulte teus desejos e etiquetas,
durma, mas sem medo de caretas.

(Soneto composto em São Caetano do Sul, em 15 de março de 1962)

Friday, October 29, 2010







O que torna o ser humano grande e poderoso não são suas eventuais habilidades físicas, por maiores que elas possam ser. É o incomensurável poder da sua mente, cujo potencial não tem limites, se o indivíduo se dispuser, de fato, a usar em toda a sua plenitude essa “ferramenta” que o diferencia dos demais seres viventes. Foi ela que possibilitou o desenvolvimento das artes, da ciência, da tecnologia e de tudo o quanto de belo, grandioso e espetacular a espécie construiu. Ela, pois, é que deve ser, permanente e incansavelmente, cultivada e não a efêmera beleza do corpo ou a passageira força física. Trata-se de tarefa permanente, não de alguns poucos anos, mas para mais de uma vida.

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Escudo vulnerável

Pedro J. Bondaczuk

A Literatura surge, na vida de muita gente, meio que por acaso. Nem todos os escritores manifestam vocação para as letras precocemente, desde tenra idade. Aliás, diria, estes casos são mais exceções do que propriamente a regra. Boa parte começa a escrever sem nenhum compromisso, como uma espécie de desabafo íntimo e pessoal, de catarse, para, senão se livrar, pelo menos atenuar mágoas familiares, decepções amorosas, fracassos profissionais ou outros tipos de sofrimentos psicológicos.
Escrever, sem dúvida, é excelente terapia. Quem começa a produzir textos com essa intenção não raro descobre (por si só ou por opinião alheia) que consegue expressar com clareza e precisão idéias e observações e comunicar aos outros o que está sentindo, aprendendo ou pensando. Nem todos, convenhamos, que começam a escrever por essa razão, se tornam escritores.
Há muito literato em potencial por aí que sequer desconfia disso. Há quem componha poemas maravilhosos, para a namorada, para a esposa, para alguma bela mulher que sequer conheça e que nem por isso se julga poeta, mesmo sendo, de fato, um. Para alguns, falta, apenas, um empurrãozinho, um incentivo a mais dos parentes e amigos e, não raro, uma orientação a propósito de quem já é do ramo.
Tenho a felicidade de, ao longo da minha já extensa carreira (são 48 anos de janela!) haver “descoberto” para o mundo das letras vários desses inequívocos talentos. Muitos deles são, hoje, escritores consagrados (há, até, quem já ocupe cadeira em uma das tantas academias de letras). Se alguém lhes dissesse, há alguns anos, que um dia viriam a se tornar poetas acatados, romancistas de mão cheia, campeões de vendas de livros, certamente se mostrariam céticos e até poderiam se zangar conosco. São estranhos os caminhos da vida.
Claro que para se tornar um escritor, de fato, não basta o sujeito rabiscar seus íntimos desabafos, ou num diário, ou num blog, ou num caderno destinado a esse fim. São necessários vários e vários outros requisitos. Entre estes, destaco muito estudo, muita observação, muito treino; muito escrever, rasgar, tornar a escrever, tornar a rasgar e repetir esse exercício uma infinidade de vezes, até produzir um texto que lhe agrade em primeiro lugar, condição primária para adquirir possibilidade de agradar a terceiros.
Cesare Pavese costumava dizer que “a literatura é uma defesa contra as ofensas da vida”. Mas será que defende mesmo? É, de fato, escudo seguro contra as inúmeras rasteiras materiais, espirituais, afetivas e emocionais etc. que sofremos amiúde em nosso cotidiano? Protege-nos dos nossos demônios interiores ou os assanha e os torna mais perversos?
Sou, pois, obrigado a discordar, solenemente, do ilustre jornalista e poeta italiano. A Literatura pode até se tratar de escudo. Mas de um sumamente vulnerável, que deixa passarem flechas e mais flechas, sobretudo as mais pontiagudas e rígidas, que findam por nos ferir, posto que não mortalmente.
O bom escritor, o que faz escola, cujos livros são procurados avidamente, que tem um número incontável de fiéis leitores e se destaca pelo conteúdo da sua obra, é o que, virtualmente, se “desnuda” em público, que expõe suas intimidades e até suas entranhas para o mundo inteiro ver (no aspecto emocional, claro, pois se o fizesse literalmente, poderia estar sujeito até a prisão, por atentado ao pudor) e tem, nessa exposição, sua grande força, o fulcro da sua credibilidade, uma espécie de “cabelos de Sansão” que nenhuma Dalila consegue raspar.
Há quem se perca pelo excesso de pudor. Domina as técnicas do texto, tem conhecimento do idioma de fazer inveja a qualquer gramático, é objetivo, criativo e observador, sua cultura é muito maior do que a média, exsuda talento por todos os poros e, ainda assim... fracassa.
Por que? Via de regra, por não despertar a menor empatia no leitor. Este, intuitivamente detecta quando há falsidade num texto, mesmo formalmente bem-escrito. Nota quando falta-lhe paixão. Fareja quando falta sinceridade. Um texto desse tipo é bonitinho, mas ordinário, pois falta a exposição explícita das entranhas de quem o escreveu. É algo muito sutil, mas que nosso subconsciente capta.
Portanto, quem quer fazer da literatura mero escudo contra as ofensas da vida, pode se dar mal. É melhor que desista dela enquanto houver tempo. Muito talento se perde, muito diamante perfeito permanece escondido sob a ganga, muito escritor priva o mundo da sua visão e criatividade por medo (em alguns casos, pânico) de exposição.
Já li textos de Lygia Fagundes Telles, de Rachel de Queiroz e de outros tantos escritores, confessando seu temor de escrever. “Mas como?”, perguntarão, incrédulos, os que nunca passaram por essa dramática experiência Quem tem coragem de fazer essa confissão (e as escritoras citadas tiveram) explicam que aquilo que temem é justamente ter que se expor.
Mas no momento de produzirem suas obras, nem por isso fazem da literatura escudo coisa nenhuma. Expõem, sem nenhum pudor, seu âmago, sua alma, suas entranhas, suas vísceras, sem nada esconder e sem pudor, por mais que isso lhe doa. Se você não tiver essa coragem, esqueça a Literatura. Procure outra atividade em que não precise ser tão explícito e despudorado.

Thursday, October 28, 2010







A absoluta maioria das pessoas vive sem saber porque e, principalmente, “para que”. Despende o melhor de sua capacidade e suas energias, tanto físicas, quanto mentais, em busca de miragens, de fantasias, de ilusões, ou seja, do que entendem como “riqueza”. Esta mensagem, divulgada há algum tempo pelo Greenpeace, na internet, deveria ser objeto de reflexão permanente, diária, de cada um de nós. Diz: “Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se come”. Será preciso chegarmos a tanto para salvar nosso pobre Planeta, que pede socorro, sem que ninguém o ouça?!
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Sob as vistas do mundo

Pedro J. Bondaczuk

Como boa parte do País, também vivi e estou vivendo a justa euforia da escolha do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Claro que há aqueles do contra, que gostam de cortar o barato dos outros, mergulhados num incurável, tolo e covarde complexo de vira-latas. Estou certo, contudo, que você não é um deles.
Não temos mais porque nos considerarmos inferiores, no que quer que seja, a quem, quer que seja. O brasileiro já mostrou, em “n” ocasiões, sua garra, criatividade e capacidade de superação. Não teme desafios, vai à luta e conquista, via de regra, seus objetivos. Desta vez, não será diferente e em dose dupla.
Além da Copa do Mundo de futebol de 2014, receberemos atletas do mundo todo, na maior confraternização esportiva internacional que existe, que são as Olimpíadas. Estaremos, pois, em duas oportunidades consecutivas, sob as vistas do mundo.
“E o que isso tem a ver com Literatura?”, perguntará, intrigado, o atento leitor. Nada e, simultaneamente, tudo. Parece paradoxo, mas não é. Fossem as Olimpíadas modernas como as originais, na Grécia, ao pé do Monte Olimpo, concomitantemente ao congraçamento esportivo, haveria a disputa artística.
Os Jogos Olímpicos verdadeiros, que inspiraram os atuais, tinham competições de poesias e de canto. O imperador romano Nero (maluco de pedra, por sinal), foi vencedor, no ano que disputou, da disputa de lira. Saiu, pois, coroado de louros. Hoje, porém, o que há, apenas, é uma exibição de habilidades atléticas.
Porém, tanto na abertura, quanto no encerramento, são organizados shows de encantar os olhos e emocionar os cerca de 3 bilhões de telespectadores que acompanham as Olimpíadas pela TV. E aí... entramos nós. Pelo menos potencialmente. Quem pode jurar, por exemplo, caríssimo escritor, que é poeta, que uma das canções que certamente serão executadas nessas oportunidades, não terá letra sua? Não terá, apenas, com certeza, se você sequer tentar.
Mas a nossa participação potencial nos dois megaeventos que nosso País vai organizar é mais ampla e mais prática ainda. Raciocinemos. Tanto a Copa do Mundo, quanto as Olimpíadas, vão atrair alguns milhões de turistas para cá.
Com certeza, não serão sujeitos broncos, que não enxergam um palmo à frente do nariz. Pelo contrário, são pessoas cultas, preparadas e de bom gosto. E eles não virão para cá apenas na qualidade de torcedores dos seus respectivos países. Vão querer conhecer, além das nossas incontáveis belezas naturais (afinal, Deus é brasileiro), nossos costumes e nossa cultura. E nossas artes, naturalmente, incluída nossa excelente literatura.
Aqueles que, entre nós, já tiverem livros publicados, ao menos potencialmente, poderão fazer excelentes vendas. Se fizermos arte de qualidade, nos destacaremos, com certeza. E se não tivermos o tal complexo de vira-latas, que muitos ainda têm, ousaremos em expor as nossas produções, na maior cara dura, sem o mínimo constrangimento.
Mais do que isso, se formos artistas confiantes no nosso talento, começaremos, hoje mesmo, a produzir obras de qualidade, com os olhos voltados para o futuro, que nem é tão remoto assim. Para a Copa do Mundo, faltam, praticamente, quatro anos. E em 2010 ficarão faltando seis anos para as Olimpíadas o que, também, não é muita coisa.
Portanto, pessoal da pesada, nada de acomodação ou de subestimação. Coloquem a cabeça para funcionar. Raciocinem, planejem, ousem e produzam. Mostrem aos gringos que o Brasil não tem somente samba, futebol e mulher bonita (e estes três fatores tem mesmo, e de sobejo).
O mundo estará de olho em nós e não podemos decepcionar. As oportunidades são como cavalos encilhados que passam por nós. Se formos hábeis e corajosos, montaremos nas selas e sairemos galopando rumo ao sucesso. Se não... Permaneceremos a pé, nos lambendo, decepcionados, curtindo um estúpido e covarde complexo de vira-latas. Qual será a sua opção?

Wednesday, October 27, 2010







Uma carreira artística, acadêmica ou profissional, embora pareça longa (muitas vezes interminável), é extremamente limitada no tempo. E tal limite nunca sabemos localizar onde está. Pode ser no segundo seguinte, dada, inclusive, a nossa própria efemeridade, nosso encontro com a morte, ou dentro de cinqüenta anos ou mais, não importa. O fato é que sempre chega uma hora em que somos forçados a parar, a ceder lugar para substitutos, melhores ou piores do que nós, não importa. Ninguém é insubstituível. Como se vê, é muito tênue (diria sutil) a linha que separa o sucesso do fracasso. Há quem faça tudo certo, seja preparado, dedicado, obstinado e competente e ainda assim não logre êxito. Falta-lhe quem lhe dê a oportunidade de mostrar o que é e o que faz. E isso é fundamental.



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Foi assim que nasceu

Pedro J. Bondaczuk

Estive matutando, esta manhã, sobre a oportunidade da crônica. Esse é o gênero por excelência para um escritor ocupado, mas que tenha compromisso de produzir, diariamente, um texto literário para algum jornal, site, blog ou seja lá que tipo de mídia for. Não requer pesquisa, consulta a arquivos, visita a bibliotecas, nada disso. Basta ser observador e estar sempre atento a tudo o que acontece ao redor, que o tema do dia surge, por si só, sem que seja necessário forçar a barra. Aliás, via de regra, aparecem vários.
Mesmo nos dias mais monótonos, desses parados e rotineiros, em que parece que o mundo parou e que não acontece nada em lugar algum, não falta assunto ao cronista. Às vezes, é o lixo acumulado nas calçadas das ruas que suscita considerações. Ou o mau atendimento recebido de caixas de bancos ou funcionários de repartição. Ou, então, algum gari pitoresco, que faça o seu trabalho simulando dança com vassoura. E vai por aí afora.
Isso que é o legal na crônica. É um tipo de criação literária dedicado ao comum, ao trivial, ao simples, ao aparentemente banal e, portanto, sem importância. Ocorre que tudo é importante para alguém.
Essa trivialidade, é fato, atua como desafio à criatividade do escritor. Uma das melhores crônicas que li de Rubem Braga (mestre dos mestres nesse ofício), foi sobre o florir das árvores de algumas ruas da Paulicéia Desvairada (ele que pouco escreveu sobre São Paulo, mas quando o fez, fez de forma inigualável) anunciando outra Primavera. Querem coisa mais trivial do que essa?
Todos os anos, óbvio, temos esta estação. E nela, as árvores que dão flores, florescem. Onde a novidade, pois? Ocorre que a crônica não se destina a trazer ao leitor nada de novo, a não ser a perícia do cronista em destrinchar acontecimentos e situações triviais, corriqueiros, banais até. E isso Rubem Braga fazia como ninguém. Ele e mais uma infinidade de escritores geniais da rica (e pouco valorizada) literatura brasileira.
E pensar que a crônica, como gênero, nasceu de meras fofocas! Não, não estou maluco, paciente leitor. E nem fui eu que saí com essa. Quem fez essa constatação foi ninguém menos do que Machado de Assis. Sim, foi ele mesmo, foi o nosso sublime Bruxo do Cosme Velho. E nele, creio, vocês acreditam (eu, pelo menos, acredito).
Machadão escreveu, a propósito, em sua coluna “Histórias de quinze dias”, publicada (quinzenalmente, já se vê, claro) em 1° de novembro de 1877 no jornal “Gazeta de Notícias” do Rio de Janeiro: “Não posso dizer positivamente em que ano nasceu a crônica; mas há toda a probabilidade de crer que foi coetânea das primeiras duas vizinhas. Essas vizinhas, entre o jantar e a merenda, sentaram-se à porta, para debicar os sucessos do dia. Provavelmente começaram a lastimar-se do calor. Uma dizia que não pudera comer ao jantar, outra que tinha a camisa mais ensopada do que as ervas que comera. Passar das ervas às plantações do morador fronteiro, e logo às tropelias amatórias do dito morador, e ao resto, era a coisa mais fácil natural e possível do mundo”.
Viram? A crônica nasceu da mania de fofocar de vizinhas! Claro que ganhou roupagens soberbas, ao ser exercitada por talentosíssimos escritores, que lhe deram charme e, sobretudo, permanência. Ganhou, pois, status, inclusive de gênero literário (houve um tempo em que era meramente utilizada por editores de jornais para tapar buracos de páginas de edições, mas com criatividade e põe criatividade nisso!).
Como sou um sujeito ocupado (aqui sou forçado a usar o superlativo ocupadíssimo), mas tenho “n” compromissos diários com diversos veículos de comunicação, jogo conversa fora à beça em textos descontraídos, como convêm a amigos que trocam idéias sobre o tempo, a saúde, a bolsa, o bolso e outras tantas amenidades e asperezas que a vida nos impõe. E, na maioria dos casos, ainda sou remunerado por isso! Bendita crônica que, volta e meia, salva o meu pescoço e prestígio e, de quebra, engorda um pouquinho (na verdade, quase nada) a minha magérrima conta bancária!

Tuesday, October 26, 2010







Raramente são os melhores, em suas respectivas áreas de conhecimento ou profissões, que ocupam as posições de relevância ou melhores remuneradas. E os critérios de escolha (quando existem), quase nunca são seguidos com rigor. Fatores altamente subjetivos, como aparência, comunicabilidade e simpatia, entre outros, têm grande importância nos processos de seleção. Por isso, quem almeja o sucesso não pode, jamais, deixar escorrer por entre os dedos, como finos grãos de areia, qualquer oportunidade, por mínima que seja, ou mais banal que pareça. Precisa, sempre que possível, dar uma providencial "mãozinha" ao acaso. Nosso aperfeiçoamento mental, cultural, espiritual ou técnico deve ser permanente, contínuo, obsessivo até. E mesmo assim, essa busca pela excelência não se constitui em garantia, em certeza de que chegaremos ao nosso objetivo. Apenas nos predispõe ao aproveitamento de eventuais oportunidades, se estas aparecerem.
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Talento bruto

Pedro J. Bondaczuk

O escritor inglês, Samuel Johnson, escreveu, certa ocasião, que “é preciso folhear meia biblioteca para fazer um livro”. Concordo com ele, mas apenas em parte. Ler é bom, é útil, é saudável e nos torna melhores escritores, caso saibamos, claro, escolher adequadamente nossas leituras.
Conheço, todavia, pessoas que leram como ninguém e nunca escreveram nada. Não era a sua praia. Como conheço, também, quem nunca leu coisíssima alguma, mas já tem livro escrito, de excelente qualidade literária, e publicado, obviamente. Tudo, nessa área, é relativo. Não se pode, pois, generalizar. Até porque, como Nelson Rodrigues não se cansava de alertar, “toda generalização é burra”.
Recebi, há uns dois meses, de um amigo jornalista, um livro de poesias de um tal Aparecido Marques, poeta do qual nunca ouvira falar. Li-o de supetão e fiquei encantado com seus sonetos, bem no estilão parnasiano. Caso não soubesse, de antemão, de quem eram, diria que o autor era Olavo Bilac, tamanha a perfeição das rimas, da métrica e do ritmo.
Telefonei ao amigo para agradecer o presente e aproveitei para elogiar o autor. E aí, veio a primeira surpresa. Fui informado que Aparecido Marques era humilde lavrador, semi-analfabeto, que mal sabia “desenhar” o nome.
“Mas como?!”, indaguei, perplexo, duvidando da informação. “E o livro?!”. Meu interlocutor explicou que cada soneto lhe foi “ditado” pelo poeta e que ele se limitou a transcrever o que Cidão (este é o apelido pelo qual o dito cujo é conhecido) lhe ditava. Mas jurou que não acrescentou mísera palavra sua que fosse. Os sonetos eram todos, e da primeira à última linha, do Aparecido. Claro que me mostrei incrédulo.
“Esse cara é um gênio!”, exclamei, entusiasmado, no final das contas. “Nem tanto!”, respondeu-me o amigo. E narrou-me um fato que até agora não sei se é anedota ou se caso real. Como quem me narrou se trata de um jornalista sério, desses sisudos, não dados a brincadeiras, posto que com relutância, acreditei nele.
Contou-me que tão logo o livro ficou pronto (foi bancado do seu bolso), começou sua romaria por redações de jornais da região para divulgá-lo. Embora a tiragem fosse de somente 500 exemplares, tinha esperança de recuperar, pelo menos, o investimento.
De tanto insistir, recebeu a promessa de um crítico literário de prestígio de publicar em sua coluna, em um jornal de boa circulação na região, uma avaliação sobre a obra. E fez. Mas... desancou Aparecido, sem dó e nem piedade. Pura questão de preconceito, claro. Disse que Cidão era “parnasiano”, mas com conotação de deboche, e ressaltou que hoje não se escreve mais poesia dessa forma. Tolice dele, claro! Cada qual escreve como melhor lhe aprouver. E se o texto for de qualidade, nada importa em que escola possa ser enquadrado. Mas não é o que pensa o tal crítico esnobe.
Lá um belo dia, meu amigo jornalista cismou de apresentar o tal sujeito ao Aparecido. Antes não o fizesse. Foi péssima idéia! Eles cumprimentaram-se, com as formalidades de praxe, e o tal analista, a título de justificativa por ter falado mal do livro, sapecou, logo de cara, na bucha, ao atarantado poeta: “Você é um parnasiano!”.
Para que?!!! O Cidão ficou uma fera! Encarou o tal sujeito, foi ficando vermelho, tenso, cenho carregado e avançou na sua direção. Foram necessárias três pessoas para segurá-lo, para evitar que desse boas bolachadas no atrevido do crítico que, estrategicamente, se escafedeu. Saiu de fininho e correu como nem o jamaicano Usain Bolt correria pelas ruas estreitas e acanhadas da cidadezinha.
Encerrado o incidente, meu amigo questionou o poeta, via de regra bonachão, agora mais calmo, sobre sua atitude intempestiva e sem sentido. “Esse cara é muito folgado”, respondeu. “Nem me conhece e sai por aí escrevendo um montão de besteira sobre mim. Você ouviu o que ele disse? Disse que sou parnasiano! Nem conheço esse time! Deve ser um palmeirense despeitado. Todos aqui da cidade sabem que sou corintiano, desde pequenininho!”, completou Cidão, para pasmo do meu amigo, que jura que a história é rigorosamente verdadeira. Da minha parte, vendo o peixe da forma que o comprei.

Monday, October 25, 2010







Há uma expressão popular que acentua que "a oportunidade é como o único fio de cabelo na cabeça de um careca". Se este não for agarrado com firmeza (ou se não suportar a pressão e vier a se romper), não haverá outro para agarrar. Ou seja, quase sempre na vida as chances, que tanto procuramos para realizar os nossos sonhos e ideais, costumam ser únicas, ou pelo menos bastante restritas. E quase sempre surgem ao sabor do acaso, quando menos esperamos. Do seu aproveitamento (ou não) depende a alegria da vitória ou a frustração do fracasso. De que me vale ser um brilhante físico nuclear, com sólidos conhecimentos teóricos e enorme senso prático, se não houver quem se interesse pelo meu concurso? Ou que serventia terá para mim ser um artista. criador de obras originais e maravilhosas, se não puder mostrar esses trabalhos ao público? Inúmeros talentos foram, são e serão desperdiçados ao longo do tempo por falta de oportunidade.
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Gênio de três corações

Pedro J. Bondaczuk

A paixão, em si, é cega, e, a priori, nem é um bem e nem um mal. Cabe-nos direcioná-la corretamente, para que se torne força irresistível e benigna que atue exclusivamente a nosso favor. Sem ela, nada do que fizermos atingirá a excelência e a perfeição. É possível fazer isso? Sim! Muitos e muitos o fizeram. Exemplo? Um tal de Edison Arantes do Nascimento, mais conhecido como Pelé. Antes que me corrijam, esclareço que o nome dele é com “i” mesmo e não com “d” mudo antes do “s”, como a maioria grafa. Foi uma homenagem dos seus pais ao inventor da lâmpada elétrica, Thomas Alva Edison.
Pois bem, esse gênio do esporte, apaixonado por sua atividade, que exerceu com excelência como ninguém, está completando 70 anos de idade, esbanjando vitalidade, simpatia, otimismo e bom humor. Por estes dias surgiu, até, uma controvérsia sobre a data correta de nascimento do atleta do século passado. Em sua certidão consta que é 21 de outubro, ao que ele e a mãe, Dona Celeste contestam. E nesse tipo de controvérsia, convenhamos, ninguém está mais habilitado a saber desse detalhe do que eles, protagonistas do fato. Pelé garante que nasceu em 23 de outubro de 1940 e acredito nele. Mas, para acabar com a celeuma, que tal se comemorar duplamente seu aniversário? Ele merece!
Quem viu esse mago da bola jogar não contesta o fato de ter sido o melhor do mundo, mas não somente numa temporada, mas em todos os tempos. Poucos nunca viram, pelo menos em filmes muito antigos, seus gols mais famosos. Qual? Muitos e muitos e muitos. Literalmente, milhares. Mas que tal o do 1 a 0 contra o País de Gales, na Copa do Mundo de 1958, em que deu um chapéu no zagueiro galês na pequena área, antes de chutar de sem-pulo para a meta adversária? Ou que tal a “reprise” desse lance, no mesmo Mundial, mas na final, contra a Suécia, igualzinho ao primeiro, que muita gente afirmava que jamais seria repetido em qualquer tempo, mas foi, e no intervalo, creio, de apenas duas semanas? Coisa de gênio, claro. E nessa ocasião tinha apenas dezessete anos!
Creio que falar da genialidade de Pelé como atleta é redundante, já que milhões falaram, falam e vão falar muito ainda, a despeito dele haver se despedido dos gramados há 34 anos. Nem parece que parou de jogar bola. Seu prestígio continua intacto, a despeito de seus detratores que, não achando defeitos nele em sua condição de jogador de futebol, se arrogam em “árbitros do comportamento” e condenam algumas de suas atitudes, sem lhe dar, ao menos, direito de resposta. Às favas com esses sujeitinhos medíocres, frustrados, complexados e infelizes, que precisam encontrar defeitos nos outros para se sentirem bem!! Já fui vítima inúmeras vezes desses tipos e desprezo-os de coração, mente, corpo, alma e vísceras.
Como contestar a categoria de um sujeito que, bem antes dos 40 anos de idade, marcou 1.382 gols?! Quem sequer se aproximou dessa marca? Maradona? Messi? Zidane? Platini? Ora, não me façam rir. Então, estamos combinados. Não façamos mais comparações, para não cair em ridículo. Mesmo quem nunca viu Pelé jogar tem a plena convicção de que ele foi inigualável.
Sei de histórias deliciosas envolvendo esse gênio da bola. Um dia ainda hei de realizar o projeto de escrever um livro a respeito (a exemplo do que fiz em relação às copas do mundo que tive o privilégio de acompanhar). Quem me conhece, sabe que sou pontepretano ferrenho e fiel e que não torço para outro clube qualquer, aconteça o que acontecer. Mas... durante muito tempo, abri uma exceção. Vibrei com aquele Santos quase imbatível, que jogava cento e cinqüenta partidas ou mais por ano, nos cinco continentes da Terra, e vencia por volta de cento e quarenta (sem nenhum exagero), e que tinha como estrela da companhia, claro, o fenômeno Pelé. E este era (e ainda é) de fato fenomenal, no sentido mais positivo do termo.
Lembro-me de um episódio que, sempre que me vem à mente, me induz a boas risadas e que até parece mentira, de tão insólito que foi. Ocorreu em 16 de agosto de 1961. Nesse dia, o Santos massacrou o Corinthians, no velho e bom Pacaembu, aplicando-lhe impiedosa goleada, por 5 a 1, com atuação soberba (o que é redundante) da dupla Pelé e Coutinho. A torcida corintiana culpou o goleiro Gilmar pelo vexame, o que determinou sua saída do clube e contratação, tempos depois, pela máquina de jogar futebol da Vila Belmiro.
Nesse dia, eu estava atrás do gol dos portões principais do estádio. Ao meu lado, estava um sujeito simples que, pelo linguajar, deduzi se tratar de pessoa de pouca cultura, pouco mais velho do que eu (que tinha, na ocasião, 18 anos de idade). A cada jogada do rei, ele se contorcia, de nervoso, pois aquele “sujeitinho” estava arrebentando com o seu time. No intervalo, o tal torcedor olhou para o meu lado e perguntou, como se não acreditasse no que viu e não soubesse de onde o carrasco do Corinthians procedia, se da Terra ou de outro planeta: “De onde é esse cara?”.
Demorei para responder e ele estava se afastando, provavelmente para ir ao banheiro, quando lhe disse. “É de Três Corações”. Não sei se essa pessoa estava brincando comigo ou se era ingênua mesmo (que é o que acredito). O cara olhou para mim atônito, pois interpretou minha resposta literalmente, como se Pelé tivesse três órgãos responsáveis pela circulação. O craque era um fenômeno, reitero, mas... nem tanto! Ou seria tanto?! Meu interlocutor olhou-me espantadíssimo e respondeu: “Não diga! É por isso que corre mais que todo mundo, salta mais do que os outros e parece até um beija-flor quando pára no ar”. Como se vê, antes que Dadá Maravilha dissesse que fazia isso, Pelé já usava e abusava dessa façanha.
Tentei dizer-lhe que o jogador “nasceu” na cidade de Três Corações e não “com” três corações, mas não deu tempo. O tal sujeito já estava longe e certamente não me ouviu. E não assistiu o resto do jogo ao meu lado, mas o fez misturado a um grupo de corintianos que protestava sem parar, a uns trinta ou quarenta metros de onde eu estava.
Nesse mesmo dia, entusiasmado com a sua atuação, cismei que queria o autógrafo do rei. Sabia das dificuldades para conseguir isso, pois nos arredores do vestiário do Santos não cabia uma agulha. Eram repórteres a dar com pau e torcedores eufóricos, buscando chegar perto dos seus ídolos, notadamente do maior deles. Pelé, de longe, percebeu minha aflição. Veio em minha direção, afastando os que estavam no caminho e, com a maior gentileza e camaradagem, como se me conhecesse há anos e fosse meu amigo de longa data, deu o autógrafo que eu tanto queria, que guardo como relíquia em parte nobre da casa. Não só não se fez de difícil, como tomou a iniciativa de chegar até mim.
Quando que Maradona me atenderia tão solicitamente?! Nunca me atendeu, aliás. Como era amigo de Careca (que jogou no Guarani), ele esteve várias vezes em Campinas. E mesmo eu sendo jornalista com nome firmado, jamais consegui passar sequer do saguão do prédio em que se hospedava, quanto mais chegar perto do controvertido jogador argentino. Quanto a Messi... duvido que me tratasse diferente do que seu compatriota me tratou (ou não tratou, pois nunca me deixou chegar perto). Às favas com os dois! Quem quer saber deles? Tenho o autógrafo do maior de todos os tempos, do gênio da bola que, não duvido, é bem capaz de ter mesmo três corações, como parece que o torcedor corintiano acreditou que tinha!
Será que é por isso que chegou aos setenta com aparência de trinta? Em 1970, a extinta e saudosa revista “Realidade” fez, na edição de outubro daquele ano, matéria central, com projeção de como Pelé seria 40 anos depois, em 2010. Na capa, colocou uma foto bem grande do rei, maquiado evidentemente, com muitas rugas e cabelos grisalhos, da forma como o repórter achava que seria sua aparência aos setenta anos.
Querem saber? Não parece nada, nada com essa figura humana carismática, fantástica, extraordinária, que não perdeu a compostura, a simplicidade e a modéstia, com tudo o que conquistou, e que está, fisicamente, exatamente como era quando parou de jogar bola, no Cosmos de Nova York, em 1976: com cara de 30 anos. Fico, pois, em dúvida: Pelé nasceu “em” Três Corações ou “com” três corações?...

Sunday, October 24, 2010







De nada vale alguém ser uma sumidade em determinada área, saber tudo a respeito dessa atividade, se não lhe forem dadas chances de mostrar seu valor. Há muito talento escondido por aí, em um mundo repleto de medíocres. Se não houver quem se interesse pelo seu talento, por sua técnica ou por sua criatividade, todo o seu empenho em se preparar para o exercício de uma profissão, ou de uma arte, ou de um simples estudo, será em vão. Pode até trazer-lhe satisfação íntima. Esta, no entanto, será estéril. Não dará nenhum fruto. Estará, invariavelmente, acompanhada pela frustração, diretamente proporcional ao esforço despendido. Vai faltar o efeito prático para esse talento se realizar. Ou seja, o reconhecimento, em geral traduzido pela remuneração financeira (mas não somente por ela).
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Medida de arrojo de Alfonsin

Pedro J. Bondaczuk

O chamado Plano Austral, que é o nome do tratamento de choque dado pelo presidente argentino, Raul Alfonsin, à hiperinflação de seu país, completa hoje meio ano de existência, com resultados expressivos em termos de queda das taxas inflacionárias.

Nesse aspecto, os maiores técnicos em economia têm feito os mais rasgados elogios a essa experiência. Entre esses está o ganhador do Prêmio Nobel da disciplina em 1985, Franco Modigliani, que esteve recentemente em Buenos Aires, para verificar in loco a reação da sociedade argentina a essas medidas.

A inflação do país, que em junho havia registrado intoleráveis 30,5%, baixou dramaticamente. A taxa de novembro (por sinal, outra vez em ascensão), foi de somente 2,4%. A diferença fica ainda mais marcante quando se compara os índices acumulados desses dois meses, tomados como parâmetros.

Em junho, a taxa era de 1.128%. No mês passado, havia decrescido para 463,1%. Olhando os números assim, friamente, sem maiores considerações, não resta qualquer dúvida que o Plano Austral, pelo menos até aqui, foi um retumbante sucesso. Resta saber qual será o seu custo social.

Informações procedentes da Argentina dão conta da existência de uma recessão para FMI nenhum botar defeito. O desemprego na indústria, que antes da aplicação da medida já era de 36,4%, teve acrescentados em seu balanço mais alguns pontinhos percentuais, representados por milhares de pais de família sem condições de prover de recursos os seus lares.

Mas o povo argentino está demonstrando uma confiança sem limites no seu presidente. Alfonsin, hoje, pode ser classificado como um fenômeno político. Afinal, não é qualquer líder que pode impor, numa violenta América Latina (onde a visão de conjunto da sociedade sempre é distorcida e onde, via de regra, cada um quer apenas puxar a sardinha para a própria brasa, sem se importar com o que vai acontecer aos demais), um programa dessa natureza e ainda assim se manter popular.

A maior prova desse respaldo da população foram as recentes eleições parlamentares na Argentina. Ninguém tem qualquer sombra de dúvida de que a notável (em vista das circunstâncias) performance eleitoral da União Cívica Radical não se deveu a nenhum prestígio pessoal de eventuais caciques desse partido. O que definiu o pleito foi a presença do presidente na campanha, se fazendo presente em vários comícios, nos dias que antecederam a consulta ao eleitorado.

E mesmo na véspera do comparecimento às urnas, tendo o presidente lançado mão de um impopular instrumento de exceção, como é o estado de sítio, o seu partido ainda assim acabou contemplado com a maioria dos deputados.

Só mesmo alguém com tamanha credibilidade teria condições para implantar o Plano Austral, principalmente porque ele congelou completamente os salários, que nos últimos três anos haviam perdido, pasmem, 57% do seu poder de compra. Se a medida vai mesmo dar certo é muito cedo para se afirmar.

Em princípio, pessoalmente, somos contrários aos congelamentos. A experiência tem demonstrado que eles funcionam apenas na aparência, pois na verdade dão motivo para o desenvolvimento de uma economia subterrânea (chamada entre nós de invisível, ou informal), representada pelo mercado negro. Nele, os principais produtos desaparecem misteriosamente da praça.

Nessas ocasiões sempre surgem os tais que sabem onde eles poderão ser adquiridos, mas se “pagando um pouquinho mais caro”. E esse “pouquinho” tanto pode ser 10% como 100%. Países que conheceram o flagelo da guerra sabem muito bem como é isso. Sabem de que forma funciona essa desavergonhada exploração por parte dos parasitas.

É evidente que a cota de sacrifício popular tem suas limitações. Como bom político que é, Alfonsin, certamente, saberá detectar esse instante de saturação e afrouxar o cinto, especialmente do trabalhador assalariado. Será nesse momento que o decantado Plano Austral passará por seu teste definitivo.

Caso não ocorra uma corrida desenfreada às lojas, gerando insuportável pressão de demanda, realimentando a inflação, pode até ser que a economia argentina esteja finalmente saneada e a hiperinflação definitivamente vencida.

Em caso contrário, será o prestígio do presidente que poderá sofrer severos arranhões. Portanto, é um ato de extrema ousadia de Raul Alfonsin esse tratamento de choque num paciente combalido. Trata-se de uma cartada jogada na autêntica base do “tudo ou nada”.

(Artigo publicado na página 9, Internacional, do Correio Popular, em 14 de dezembro de 1985).

Saturday, October 23, 2010







O sucesso ou o fracasso de uma empreitada, qualquer que seja a sua natureza estão condicionados a uma série de fatores, alguns subjetivos e outros objetivos. Nem sempre uma pessoa competente e bem preparada é bem-sucedida no que faz. Às vezes, falta-lhe garra. Ou, na pior das hipóteses, carece de vontade. No outro extremo temos reconhecidos medíocres, rematados "picaretas" – o tipo de gente chamado de "pára-quedista", por entrar sem preparo algum em determinada profissão que não exija conhecimento técnico específico (isto é, que "cai" no cargo) –, ocupando funções que não lhes caberiam pelo critério da competência e da experiência. Galgam, em pouco tempo, vários escalões, até chegarem ao topo da carreira. Por que isso acontece? Para uma pessoa ser vencedora, não bastam, simplesmente, o conhecimento, o treinamento e o preparo intelectual. A premissa básica para se chegar ao sucesso é a oportunidade.



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Soneto à doce amada - XCII

Pedro J. Bondaczuk


Abandona os teus insanos temores
e resguarda-te, amada, da descrença,
esta terribilíssima doença
que pode aniquilar dons criadores.

Que tua crença te seja um escudo
nas batalhas renhidas desta vida.
Que sintas uma força indefinida
te impulsionando à vitória de tudo.

Que possas sempre ostentar um sorriso
nos lábios, e o rosto ficar sereno,
- sorrir sempre, doce amada, é preciso

para enriquecer o teu e o meu dia –.
Nosso mundo será bonito e ameno.
Juntos viveremos com alegria!


(Soneto composto em Campinas, em 7 de setembro de 1965.

Friday, October 22, 2010







O desânimo não é o pior que pode acontecer a alguém e o levar ao fundo do poço. O pensador norte-americano Harry Emerson Fosdick aponta um inimigo ainda mais mortal: "É melhor desanimar do que se conformar", destaca. O conformismo é o caminho mais curto para a acomodação. Daí para a mediocridade é um passo. A perseverança é o antídoto também contra a conformação. Roger William Riis observa que o ser humano tem poderes com os quais sequer atina. Destaca: "Sempre que enfrenta um obstáculo intransponível, o homem se atira ao trabalho e acaba por sobrepujá-lo. Se há limites para ele, ignoro onde ficam. Mas não acredito que haja. Vejo o homem como um filho do universo que tem como herança a eternidade. Acho-o maravilhoso, sou seu devotado entusiasta. E positivamente me orgulho de fazer parte da raça humana". Eu também. Em especial dos empreendedores, dos esforçados, dos entusiastas, dos obstinados...
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