Monday, February 05, 2007

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Do site oficial da A. A. Ponte Preta Edvaldo Reis VIPCOMM e arquivo)

APATIA E FALTA DE CRIATIVIDADE

A Ponte Preta não repetiu, no sábado, na Rua Javari, contra o Juventus, a partida razoável que havia feito na quarta-feira, no Majestoso, quando venceu o Palmeiras por 2 a 1. Resultado: derrota, por 1 a 0, a terceira do Campeonato. O que se viu, para a decepção da torcida, foi um time apático, lento, previsível e com uma quantidade incrível de erros de passes. Na sexta rodada, já era de se esperar um melhor entrosamento da equipe, um ritmo de jogo mais dinâmico, uma contundência ofensiva maior do que a que se viu. Mais uma vez, como vem virando rotina neste ano, faltaram jogadas pelas laterais. André Cunha fez uma reestréia apenas discreta e na única vez que se aventurou ao ataque, quase faz o gol, proporcionando ao bom goleiro Deola uma grande defesa. Pela esquerda, Julian até que quebrou o galho. Não comprometeu, mas não foi aquele ala que a equipe precisava. Mais uma vez, o matador Finazzi (em jornada infeliz) ficou isolado na frente, trombando com a zaga adversária, e pouco produziu. Para completar um mau dia, desperdiçou um pênalti, na segunda cobrança (a primeira foi invalidada, por causa da invasão da área por parte do garoto Jailton), impedindo que o time trouxesse pelo menos um ponto da Mooca. A Ponte Preta segue sem um meia armador de ofício. E sem ele, é difícil que chegue a algum lugar. Mais uma vez, o destaque pontepretano foi o goleiro Aranha, com defesas importantes, que impediram que o vexame fosse ainda maior. É jogo para se esquecer.

PRIMEIRA VITÓRIA EM ALTO ESTILO

O Guarani lavou a alma da torcida, ontem, ao conseguir, no Brinco de Ouro, a sua primeira vitória no Campeonato Paulista da Série A-2, diante do fraco time do Palmeiras B. O Bugre não tomou conhecimento do adversário e aplicou-lhe, sem piedade, um elástico placar de 4 a 1. A vitória, que começou a ser desenhada logo aos dois minutos de partida, com um golaço do garoto Lucas, foi amplamente merecida, embora a equipe tenha mostrado ainda alguma fragilidade em determinados setores, notadamente no meio de campo e na cobertura da zaga. A goleada valeu ao Guarani uma grande ascensão na tabela, para a 12ª colocação, abrindo perspectivas reais de disputar uma vaga entre os oito finalistas desta fase. O grande destaque bugrino foi o único craque (com “C” maiúsculo) deste plantel, Deivid, que atuou onde mais gosta, com a função específica de atacar, e causou terror à defesa adversária, além de fazer um belo gol. Ressalte-se que ninguém comprometeu no jogo de ontem. Gustavo entrou bem no meio de campo, embora houvesse errado alguns lançamentos. E Lê se mostrou um bom companheiro para a grande estrela do time. E esta, nem é preciso repetir quem é, não é mesmo?. Todos sabem que se trata do Deivid, jogador de grande futuro e de enorme potencial técnico.

FLECHAS SEM O RESPECTIVO ARCO

Na ausência de um meia armador de ofício, que saiba fazer lançamentos longos e precisos para os atacantes, não se justifica a escalação, na Ponte Preta, de dois avantes enfiados, com as mesmas características, como são o Anderson Luiz e o Finazzi. Ambos precisam ser municiados, para que sejam eficientes. É verdade que dos oito gols marcados pela Macaca neste campeonato, sete foram de autoria da dupla. Todos, no entanto, surgiram ou de bola parada, ou de esporádicas jogadas individuais. Nenhum foi fruto de lançamentos conscientes, planejados e bem feitos. Ou seja, o time tem duas flechas, prontas a atingir o alvo caso sejam devidamente municiadas, mas falta o essencial: o arco. Outra coisa que notei é que o Anderson Luiz, na ânsia de mostrar que também é artilheiro, não passa bola para o Finazzi quando este está em melhores condições de arremate. Ou chuta de longa distância ao gol adversário, muitas vezes sem ângulo, ou tenta driblar os zagueiros e é, invariavelmente, desarmado. Ora, futebol é jogo de equipe. Caso Nelsinho Baptista opte por continuar com esses dois atacantes enfiados, precisa corrigir essa falha. Tem que arranjar, urgente, um meia armador, que saiba municiar os dois matadores. Talvez quando Heverton estiver com sua documentação regularizada (que demora!), seja ele a opção ideal para o time extrair o máximo de Finazzi, ficando Anderson Luiz como mera alternativa de banco. Mas não se pode dormir no ponto, pois o campeonato é curto e mais de 30% dos jogos desta fase já foram disputados.

MAIS UMA BARBARIDADE NO BUGRE

Veio a público, na semana passada, mais uma barbaridade cometida pela diretoria anterior do Guarani, de triste memória para a coletividade bugrina, que explica a razão desse tradicional clube do futebol brasileiro se encontrar na situação pré-falimentar em que está. Vocês se lembram de um jogador argentino, chamado Lieberman? Aquele, que foi contratado, junto com o compatriota Loscri, com base apenas numa fita de vídeo. Pois bem, ele passou uma temporada no clube, sem nunca dizer a que veio. Não foi mais do que um mero “come e dorme”, sem ter dado o mínimo retorno ao Guarani. Todavia, quando ele se desligou do Bugre, ficou sem receber alguma “quirera” (a que fez jus apenas por força de contrato e não por produção). O atleta não teve dúvidas. Entrou na justiça do trabalho, reivindicando seus direitos. E ganhou! O julgamento ocorreu à revelia do réu, no caso o clube, que sequer se defendeu, como deveria. E a sentença, definitiva, à qual não cabem mais recursos, saiu na semana passada. Pasmem, o Guarani foi condenado a pagar a Lieberman a “bagatela” de R$ 4 milhões! Pode uma coisa dessas?! Essa importância, apenas para que o leitor tenha uma idéia, seria mais do que suficiente para honrar a atual folha de pagamentos do clube, e em dia, por quase quatro anos! Coisas do nosso falido e desorganizado futebol!!!

JOGO DE ALTO RISCO

O jogo da próxima quinta-feira da Ponte Preta, contra o Rio Branco, no Estádio Décio Vita, é de alto risco. E não apenas no aspecto técnico, com a notória evolução do time de Americana, que começou muito mal o campeonato, mas que nas mãos de Ruy Carpino, recém-contratado, costuma se dar muito bem. Que o diga o América de São José do Rio Preto, que foi goleado, ontem, pelo “Tigre”, por 4 a 1. Ocorre que há anos existe enorme rivalidade entre a torcida pontepretana e a dos nossos vizinhos. Em recente jogo, no mesmo local, pela Copa São Paulo de Futebol Júnior, por pouco não tivemos uma tragédia, por absoluta falta de prevenção. Na oportunidade, o policiamento foi muito aquém do necessário, quase inexistente, e faltou pouquíssimo para as duas torcidas se engalfinharem, com conseqüências imprevisíveis. Felizmente, por pura força do acaso, o pior não aconteceu naquela oportunidade. A Federação Paulista tem que ficar atenta, portanto, para o aspecto segurança desse jogo, para que esse clássico da nossa região não descambe para uma batalha campal nas arquibancadas. Juízo, pessoal! Futebol é um lazer, uma diversão, e jamais um motivo de guerra.

CLÁSSICO DE INTENSA EMOÇÃO

O primeiro clássico do Campeonato Paulista, disputado, ontem, no Parque Antártica, entre Palmeiras e Santos, foi eletrizante. Constituiu-se, disparado, no melhor jogo da competição, que até aqui vinha apresentado baixíssimo nível técnico, com os dois times jogando ofensivamente, buscando, a todo o custo, a vitória. E o placar foi absolutamente justo: 3 a 3. Se no primeiro tempo o Palmeiras foi mais objetivo, no segundo o Santos foi autêntico rolo-compressor. Quem pagou, portanto, os caríssimos R$ 20,00 para assistir o jogo, sem nenhum conforto ou segurança, não teve, ontem, do que se queixar, pelo menos no aspecto interesse. Viu seis belos gols e jogadas de muita emoção, do primeiro ao último minuto. E o atual campeão paulista, que iniciou o campeonato desacreditado pela imprensa, notadamente a da Capital (das mais bairristas do mundo) tampou a boca dos críticos e mostrou porque é o favorito à conquista do bi-campeonato. Destaquem-se, além da boa estréia de Pedrinho (que fez, inclusive, um dos gols santistas), as performances de Maldonado, Zé Roberto e Kleber. E, pelo lado alviverde, de Marcos, Pierre, Paulo Bayer e Osmar, artilheiro palmeirense no jogo. Chego à conclusão que a Ponte Preta derrotou, na quarta-feira, não qualquer “galinha morta”, como os detratores da Macaca chegaram a propalar, mas um excelente time, bem comandado por Caio Junior.

RESPINGOS...

· O Noroeste encarou, ontem, o São Paulo, de igual para igual, e arrancou importante empate, em Bauru, por 1 a 1. Tem pinta de que pode chegar ao quadrangular final.
· Gostei do time do Guaratinguetá, que conta com o importante patrocínio da empresa Umert Daruma, de Taubaté, especializada em telecomunicações e automação comercial, mesmo perdendo em casa para o Corinthians, por 3 a 2. O adversário do próximo domingo da Ponte Preta é um time veloz, bem entrosado, de excelente toque de bola, e que joga ofensivamente. Sinal de alerta, portanto, para a Macaca.
· Mineiro tem, mesmo, estrela, além de um enorme futebol. Em sua estréia pelo Herta Berlin, no sábado, fez um golaço, nos descontos da partida, que garantiu a vitória do seu novo clube, sobre o Hamburgo, por 2 a 1. Esse merece!
· A Seleção Brasileira, sob o comando de Dunga, terá, amanhã, um excelente teste. Enfrenta Portugal, comandada por Felipão, em Londres. Meu palpite é que vai colecionar mais uma vitória. Espero!
· E a Fifa, finalmente, liberou Romário para disputar o Campeonato Estadual do Rio de Janeiro pelo Vasco. O Baixinho, como se sabe, está obcecado para marcar seu milésimo gol.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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